{"id":13176,"date":"2021-05-16T08:00:09","date_gmt":"2021-05-16T08:00:09","guid":{"rendered":"https:\/\/planetabiologia.com\/?p=13176"},"modified":"2022-11-25T12:56:50","modified_gmt":"2022-11-25T12:56:50","slug":"microscopia-eletronica-de-transmissao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/planetabiologia.com\/microscopia-eletronica-de-transmissao\/","title":{"rendered":"Microscopia Eletr\u00f4nica de Transmiss\u00e3o"},"content":{"rendered":"

A microscopia eletr\u00f4nica de transmiss\u00e3o<\/strong> \u00e9 usado para visualizar esp\u00e9cimes finos (se\u00e7\u00f5es de tecidos, mol\u00e9culas, etc.) atrav\u00e9s dos quais os el\u00e9trons podem passar gerando uma imagem de proje\u00e7\u00e3o . O microsc\u00f3pio eletr\u00f4nico de transmiss\u00e3o \u00e9 an\u00e1logo em muitos aspectos ao microsc\u00f3pio de luz convencional (composto)<\/p>\n

No s\u00e9culo XX, o desenvolvimento da eletr\u00f4nica permitiu diversas aplica\u00e7\u00f5es, e a luz dos microsc\u00f3pios \u00f3pticos foi substitu\u00edda por feixes de el\u00e9trons. Existem microsc\u00f3pios eletr\u00f4nicos de transmiss\u00e3o (em ingl\u00eas, a sigla \u00e9 TEM, abrevia\u00e7\u00e3o de Transmission Electron Microscope), nos quais os el\u00e9trons atravessam a fin\u00edssima prepara\u00e7\u00e3o, formando uma imagem do lado oposto.<\/p>\n

Como funciona a Microscopia Eletr\u00f4nica de Transmiss\u00e3o?<\/h2>\n

Uma fonte de el\u00e9trons no topo do microsc\u00f3pio emite el\u00e9trons que viajam atrav\u00e9s do v\u00e1cuo na coluna do microsc\u00f3pio. Lentes eletromagn\u00e9ticas s\u00e3o usadas para focar os el\u00e9trons em um feixe muito fino e este \u00e9 ent\u00e3o direcionado atrav\u00e9s da amostra de interesse.<\/p>\n

O TEM opera com os mesmos princ\u00edpios b\u00e1sicos do microsc\u00f3pio de luz, mas usa el\u00e9trons em vez de luz . Como o comprimento de onda dos el\u00e9trons \u00e9 muito menor que o da luz, a resolu\u00e7\u00e3o ideal ating\u00edvel para imagens TEM \u00e9 muitas ordens de magnitude melhor do que a de um microsc\u00f3pio de luz.<\/p>\n

Os materiais observados s\u00e3o preparados utilizando-se um micr\u00f3tomo especial, e os cortes ultrafinos normalmente t\u00eam cerca de 100 nan\u00f4metros de espessura.<\/p>\n

\"Como
Microsc\u00f3pio eletr\u00f4nico de transmiss\u00e3o (TEM) – Tade\u00e1\u0161 Bednarz<\/a>, CC BY-SA 4.0<\/a>, atrav\u00e9s da wiki Wikimedia Commons<\/figcaption><\/figure>\n

Os el\u00e9trons podem passar pela maioria dos materiais biol\u00f3gicos. As regi\u00f5es atravessadas pelos el\u00e9trons aparecem na imagem como \u00e1reas claras e s\u00e3o chamadas el\u00e9tron-l\u00facidas. Por essa raz\u00e3o, as prepara\u00e7\u00f5es biol\u00f3gicas devem ser submetidas a tratamentos que as tornem opacas, impedindo a passagem de el\u00e9trons.<\/p>\n

Para tanto, s\u00e3o utilizadas prepara\u00e7\u00f5es com metais como ferro, \u00f3smio, chumbo e ouro, que formam \u00e1reas escuras, chamadas el\u00e9tron-densas. Observe a figura abaixo, que mostra a c\u00e9lula mais comum do p\u00e2ncreas humano, com cerca de 20 [-m de di\u00e2metro. C\u00e9lulas como essas s\u00e3o respons\u00e1veis pela secre\u00e7\u00e3o das enzimas digestivas que s\u00e3o lan\u00e7adas no intestino.<\/p>\n

\"microscopia
Fotomicrografia ao microsc\u00f3pio eletr\u00f4nico de transmiss\u00e3o (TEM) de uma c\u00e9lula do p\u00e2ncreas. O corte ultrafi no foi tratado com \u00f3smio e hidr\u00f3xido de chumbo. O n\u00facleo aparece apontado pela seta vermelha e ampliado cerca de 4 mil vezes (seu di\u00e2metro menor \u00e9 de 4,5 \u03bcm).<\/figcaption><\/figure>\n

Note que a imagem tem tons escuros, obtidos com a impregna\u00e7\u00e3o de metais como platina, \u00f3smio e chumbo, que permitem distinguir o n\u00facleo e o citoplasma. Repare como este \u00e9 volumoso e repleto de ves\u00edculas el\u00e9tron-densas, indicando intensa atividade de fabrica\u00e7\u00e3o de subst\u00e2ncias.<\/p>\n

N\u00e3o h\u00e1 cores na imagem, pois ela \u00e9 produzida apenas com a passagem de el\u00e9trons; as estruturas que n\u00e3o permitem a passagem de el\u00e9trons t\u00eam tonalidade escura (as \u00e1reas \u201cel\u00e9tron-densas\u201d), ao contr\u00e1rio das \u00e1reas que aparecem em tons claros, indicativas de regi\u00f5es que permitem sua passagem (as \u00e1reas \u201cel\u00e9tron-l\u00facidas\u201d).<\/p>\n

Ap\u00f3s a capta\u00e7\u00e3o da imagem, \u00e9 comum que ela receba tratamentos gr\u00e1ficos que adicionam cor, com a finalidade de contrastar estruturas espec\u00edficas. Observe a figura abaixo, que mostra uma c\u00e9lula humana que armazena gordura (adip\u00f3cito).<\/p>\n

\"Fotomicrografia
Fotomicrografia ao microsc\u00f3pio eletr\u00f4nico de transmiss\u00e3o (TEM) de um adip\u00f3cito humano. A gordura foi colorizada em verde, o citoplasma em amarelo- -esverdeado e o n\u00facleo (apontado pela seta vermelha) em azul-p\u00farpura. O maior di\u00e2metro da c\u00e9lula \u00e9 de 45 \u03bcm.<\/figcaption><\/figure>\n

O adip\u00f3cito da foto tem 45 [-m em seu maior di\u00e2metro, e os diferentes tons de cinza da imagem original receberam cores diferentes ap\u00f3s o tratamento da imagem em computador. A gordura n\u00e3o \u00e9 corada pela t\u00e9cnica de hematoxilina-eosina, empregada em materiais observados em microscopia \u00f3ptica, e aparece destacada em verde na regi\u00e3o central da c\u00e9lula por um recurso gr\u00e1fico. O tamanho reduzido do citoplasma indica baixa atividade de fabrica\u00e7\u00e3o de subst\u00e2ncias.<\/p>\n

Os microsc\u00f3pios eletr\u00f4nicos de transmiss\u00e3o conseguem produzir boas imagens, aumentadas de 100 mil a 200 mil vezes, revelando detalhes de estruturas cuja exist\u00eancia era apenas presumida.<\/p>\n

Uma s\u00e9rie de limita\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas impede o alcance de amplia\u00e7\u00f5es maiores, de maneira que o limite de resolu\u00e7\u00e3o efetivo dos microsc\u00f3pios eletr\u00f4nicos situa-se ao redor de 2 nan\u00f4metros, ou seja, com eles \u00e9 poss\u00edvel perceber detalhes de estruturas at\u00e9 cerca de cem vezes menores do que as que se pode observar com um microsc\u00f3pio \u00f3ptico.<\/p>\n

Diversas t\u00e9cnicas permitem conferir ao material analisado ao microsc\u00f3pio eletr\u00f4nico de transmiss\u00e3o uma sensa\u00e7\u00e3o de relevo tridimensional. Isso pode parecer estranho, pois a t\u00e9cnica utiliza cortes ultrafinos de material.<\/p>\n

Uma das t\u00e9cnicas \u00e9 denominada sombreamento e consiste em aplicar um metal el\u00e9tron-denso a partir de uma fonte posicionada lateralmente e, em seguida, revestir o material com uma camada de carbono el\u00e9tron-l\u00facida, refor\u00e7ando a superf\u00edcie e criando uma r\u00e9plica do material a ser analisado.<\/p>\n

O metal fica aderido \u00e0 estrutura carb\u00f4nica, e o material biol\u00f3gico \u00e9 retirado em seguida, com um solvente. As \u201csombras\u201d produzidas na verdade s\u00e3o zonas de ac\u00famulo de metal (geralmente platina), o que torna a regi\u00e3o mais \u201cescura\u201d na imagem final produzida.<\/p>\n

Observe a imagem de uma bact\u00e9ria de solo com diversos flagelos gerada com base nessa t\u00e9cnica. A micrografia est\u00e1 ampliada 10 mil vezes e foi colorizada em amarelo por computador.<\/p>\n

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Micrografi a eletr\u00f4nica de transmiss\u00e3o de Pseudomonas fl uorescens, bact\u00e9ria aer\u00f3bica encontrada no solo. Essa micrografi a foi produzida usando a t\u00e9cnica do sombreamento: a bact\u00e9ria foi revestida com uma camada de carbono, seguida por outra de platina, para produzir uma r\u00e9plica. Bact\u00e9ria com cerca de 2 \u03bcm.<\/figcaption><\/figure>\n

H\u00e1 ainda outra t\u00e9cnica na qual o material seccionado \u00e9 congelado, fraturado e tratado com metais, produzindo-se assim uma imagem que apresenta efeito de tr\u00eas dimens\u00f5es. Essa t\u00e9cnica \u00e9 denominada criofratura e permite visualizar as estruturas celulares em grandes aumentos.<\/p>\n

Observe, na figura 5.12, que o envolt\u00f3rio nuclear tem um conjunto de poros. Al\u00e9m disso, pode-se perceber que a fratura revela uma das caracter\u00edsticas b\u00e1sicas do envolt\u00f3rio: a membrana dupla.<\/p>\n

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Micrografia eletr\u00f4nica de transmiss\u00e3o de superf\u00edcie de n\u00facleo celular revelando o complexo de poros do envolt\u00f3rio. A imagem foi colorizada por computador e ampliada 68 mil vezes.<\/figcaption><\/figure>\n

Veja todas as aulas dessa s\u00e9rie<\/h2>\n