{"id":13397,"date":"2021-05-19T10:00:15","date_gmt":"2021-05-19T10:00:15","guid":{"rendered":"https:\/\/planetabiologia.com\/?p=13397"},"modified":"2022-11-25T12:53:29","modified_gmt":"2022-11-25T12:53:29","slug":"fase-s-sintese","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/planetabiologia.com\/fase-s-sintese\/","title":{"rendered":"Fase S (s\u00edntese) do Ciclo Celular"},"content":{"rendered":"

Na fase S ocorre a duplica\u00e7\u00e3o do material nuclear da c\u00e9lula. Uma c\u00e9lula eucari\u00f3tica t\u00edpica tem dois genomas, ou seja, dois conjuntos inteiros de informa\u00e7\u00e3o gen\u00e9tica do organismo. Um dos genomas prov\u00e9m do pai, e o outro, da m\u00e3e. Por isso, a c\u00e9lula \u00e9 dita diploide, ou seja, sua ploidia \u00e9 2n.<\/p>\n

Sse o conte\u00fado de DNA<\/strong><\/a> da c\u00e9lula for 2C (a unidade C \u00e9 arbitr\u00e1ria), ao final da fase S ele ser\u00e1 4C, e assim as duas c\u00e9lulas-filhas receber\u00e3o, cada qual, exatamente a mesma quantidade de DNA contida originalmente na c\u00e9lula-m\u00e3e.<\/p>\n

\"Fase
Ciclo celular t\u00edpico de uma c\u00e9lula diploide (2n). Seu conte\u00fado de DNA \u00e9 2C e, ao final da fase S, ser\u00e1 4C, mas a c\u00e9lula continuar\u00e1 a ser diploide. No final da mitose (an\u00e1fase), ocorre a distribui\u00e7\u00e3o equitativa do conte\u00fado de DNA para as c\u00e9lulas-fi lhas<\/figcaption><\/figure>\n

Al\u00e9m da mesma quantidade, elas receber\u00e3o a mesma qualidade de DNA da c\u00e9lula-m\u00e3e, ou seja, o conte\u00fado de DNA, na mitose, \u00e9 repartido igualmente entre as c\u00e9lulas-filhas. Elas ser\u00e3o, portanto, diploides, tal qual a c\u00e9lula-m\u00e3e.<\/p>\n

Para a replica\u00e7\u00e3o do DNA, a mol\u00e9cula deve estar em sua fase de descondensa\u00e7\u00e3o m\u00e1xima. Em outras palavras, o DNA deve estar distendido, permitindo que enzimas afastem as duas h\u00e9lices e, como vimos, dupliquem a mol\u00e9cula. Al\u00e9m de duplica\u00e7\u00e3o do DNA, ocorre na interfase a cont\u00ednua produ\u00e7\u00e3o de todos os constituintes celulares.<\/p>\n

Mitoc\u00f4ndrias e cloroplastos se duplicam autonomamente, pois possuem DNA pr\u00f3prio. Tamb\u00e9m h\u00e1 intensa atividade de transcri\u00e7\u00e3o e tradu\u00e7\u00e3o na interfase.<\/p>\n

Nessa fase \u00e9 poss\u00edvel que ocorram, espontaneamente, erros de duplica\u00e7\u00e3o do material gen\u00e9tico. Esses erros podem ser significativos para o futuro da linhagem celular, pois a altera\u00e7\u00e3o de uma \u00fanica base nitrogenada pode implicar a perda irremedi\u00e1vel da informa\u00e7\u00e3o no trecho de DNA afetado. Observe na figura abaixo um erro poss\u00edvel na duplica\u00e7\u00e3o do DNA.<\/p>\n

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Representa\u00e7\u00e3o de um trecho de uma mol\u00e9cula de DNA com um erro de duplica\u00e7\u00e3o, apresentando uma base nitrogenada anormal (no destaque).<\/figcaption><\/figure>\n

Existem diversas bases nitrogenadas, al\u00e9m das quatro que formam o DNA, e \u00e9 poss\u00edvel que algumas delas sejam incorporadas a uma das fitas em forma\u00e7\u00e3o. Como vimos, cafe\u00edna, xantina e hipoxantina s\u00e3o bases nitrogenadas e eventualmente podem se \u201cintrometer\u201d no DNA.<\/p>\n

Essas altera\u00e7\u00f5es s\u00e3o detectadas por enzimas de reparo que monitoram constantemente as mol\u00e9culas de DNA do n\u00facleo e promovem a substitui\u00e7\u00e3o da base nitrogenada errada pela base correta. Isso \u00e9 poss\u00edvel, pois a base complementar do pareamento guarda a informa\u00e7\u00e3o da base do pareamento original.<\/p>\n

Por exemplo, em certo ponto da mol\u00e9cula de DNA pode haver um par citosina-hipoxantina, par n\u00e3o usual. A enzima de reparo tem o poder de inserir um grupo amina (NH2) na hipoxantina, que se<\/p>\n

converte, assim, em guanina. A presen\u00e7a de citosina em um dos lados do pareamento garante que se restabele\u00e7a o pareamento original. Esse mecanismo de reparo \u00e9 bastante eficiente.<\/p>\n

Uma fita \u00fanica, em caso de algum dano, teria a informa\u00e7\u00e3o original irremediavelmente perdida. Al\u00e9m disso, a geometria da h\u00e9lice dupla torna evidentes os erros de duplica\u00e7\u00e3o da mol\u00e9cula. Observe novamente a figura anterior e veja como uma base nitrogenada \u201cintrometida\u201d (no caso, a xantina) mudou a forma da dupla h\u00e9lice, evidenciando o erro.<\/p>\n

As les\u00f5es de pareamento de nucleot\u00eddeos que causam distor\u00e7\u00f5es na geometria da mol\u00e9cula de DNA s\u00e3o rapidamente reparadas por enzimas que removem a parte da cadeia anormal, gerando uma lacuna por alguns momentos. Essa lacuna \u00e9 reconhecida por enzimas que atuam preenchendo-a com o pareamento normal, restabelecendo a sequ\u00eancia original do trecho da mol\u00e9cula.<\/p>\n

Esse sistema de reparo de DNA \u00e9 extremamente comum nos seres vivos, em arqueas, bact\u00e9rias e eucariotos. Essas distor\u00e7\u00f5es da geometria molecular s\u00e3o facilmente induzidas por raios ultravioleta da luz solar, e, no caso humano, podem induzir a forma\u00e7\u00e3o de tumores de pele, se ocorrerem falhas nesse sistema de reparo.<\/p>\n

\u00c9 assim interessante perceber como o DNA constitui uma mol\u00e9cula apropriada tanto para armazenar informa\u00e7\u00e3o como para preserv\u00e1-la quando ela \u00e9 copiada, e restaur\u00e1-la, quando ocorrem problemas. A configura\u00e7\u00e3o em dupla fita facilita o processo de reparo, pois mant\u00e9m a mem\u00f3ria dos pareamentos.<\/p>\n

C\u00e9lulas com grandes danos no DNA emitem sinais capazes de paralisar o ciclo celular<\/strong><\/a>. Caso as enzimas de reparo n\u00e3o consigam deter a emiss\u00e3o desses sinais, a c\u00e9lula pode ter seu ciclo celular paralisado permanentemente, entrando no chamado G , ou sua morte pode ser induzida por apoptose.<\/p>\n

O DNA duplicado da c\u00e9lula que se prepara para a divis\u00e3o come\u00e7a a se condensar e forma cromossomos duplicados, ou seja, com duas crom\u00e1tides-irm\u00e3s. Em certo momento da mitose, os cromossomos atingem estado de condensa\u00e7\u00e3o m\u00e1xima, e ficam bem vis\u00edveis, como mostram as imagens da figura abaixo. Nessa forma, condensados, os cromossomos est\u00e3o inativos e n\u00e3o produzem RNA.<\/p>\n

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Acima um esquema e foto de cromossomo com duas crom\u00e1tides- -irm\u00e3s. Na foto (\u00e0 direita), o cromossomo foi submetido a tratamento que remove algumas prote\u00ednas respons\u00e1veis por sua integridade. A ilustra\u00e7\u00e3o (\u00e0 esquerda) traz uma representa\u00e7\u00e3o esquem\u00e1tica do mesmo cromossomo com a identifica\u00e7\u00e3o das partes de uma crom\u00e1tide.<\/p>\n

Os cromossomos duplicados ser\u00e3o separados e divididos equitativamente pelas c\u00e9lulas-filhas, que receber\u00e3o uma crom\u00e1tide de cada um deles, sendo assim id\u00eanticas \u00e0 c\u00e9lula-m\u00e3e em termos de quantidade e qualidade do DNA. As c\u00e9lulas-filhas herdam os mesmos cromossomos da c\u00e9lula da qual se originaram.<\/p>\n

Veja tamb\u00e9m<\/h2>\n