{"id":13507,"date":"2021-08-22T08:00:27","date_gmt":"2021-08-22T08:00:27","guid":{"rendered":"https:\/\/planetabiologia.com\/?p=13507"},"modified":"2022-11-20T17:23:47","modified_gmt":"2022-11-20T17:23:47","slug":"caracteristicas-tecido-epitelial-revestimento-glandular","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/planetabiologia.com\/caracteristicas-tecido-epitelial-revestimento-glandular\/","title":{"rendered":"Caracter\u00edsticas do Tecido Epitelial: revestimento e glandular"},"content":{"rendered":"

O\u00a0tecido epitelial<\/strong> \u00e9 um tipo de tecido corporal que forma a cobertura em todas as superf\u00edcies internas e externas do seu corpo, reveste as cavidades do corpo, \u00f3rg\u00e3os e \u00e9 o principal tecido nas gl\u00e2ndulas. Esse tecido tem uma variedade de fun\u00e7\u00f5es dependendo de onde est\u00e1 localizado em seu corpo, incluindo prote\u00e7\u00e3o, secre\u00e7\u00e3o e absor\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\u00c9 um dos quatro principais tipos de tecido corporal encontrados em seus \u00f3rg\u00e3os e cobre as superf\u00edcies internas e externas do seu corpo. Tem v\u00e1rias estruturas e fun\u00e7\u00f5es diferentes, dependendo de onde est\u00e1 em seu corpo.<\/p>\n

Todas as subst\u00e2ncias que entram ou saem de um \u00f3rg\u00e3o devem primeiro atravessar o tecido epitelial. A imagem a abaixo \u00e9 um exemplo de tecido epitelial. O nome epit\u00e9lio designa estruturas de superf\u00edcie (o prefixo “epi” designa \u201csuperf\u00edcie\u201d).<\/p>\n

\"Tecido
Foto de c\u00e9lulas da pele humana observadas ao microsc\u00f3pio \u00f3ptico e coradas com a t\u00e9cnica de hematoxilina-eosina (HE). Observe como os n\u00facleos das c\u00e9lulas est\u00e3o em diferentes est\u00e1gios do ciclo celular.<\/figcaption><\/figure>\n

Tecido epitelial de revestimento<\/h2>\n

O tecido epitelial de revestimento<\/strong> constitui a camada externa mais superficial de nossa pele. Observe algumas das caracter\u00edsticas distintivas desse tecido, que tamb\u00e9m reveste superf\u00edcies internas ou externas de diversos \u00f3rg\u00e3os. Perceba que ele \u00e9 composto de muitas c\u00e9lulas firmemente unidas, quase sem espa\u00e7os entre elas.<\/p>\n

\"Tecidos
Na pele do nosso bra\u00e7o h\u00e1 diversos tecidos. A parte mais superficial da pele \u00e9 formada por tecido epitelial. Os esquemas n\u00e3o est\u00e3o em escala. Cores fantasia.<\/figcaption><\/figure>\n

Outra caracter\u00edstica importante do epit\u00e9lio \u00e9 a maneira como essas c\u00e9lulas obt\u00eam alimento e oxig\u00eanio. Perceba que os vasos sangu\u00edneos<\/strong> n\u00e3o penetram no tecido epitelial \u2013 que, por isso, \u00e9 descrito como um tecido avascular.<\/p>\n

Os alimentos devem se difundir, c\u00e9lula a c\u00e9lula, de maneira a nutrir todas elas. Uma terceira caracter\u00edstica importante do tecido epitelial \u00e9 a firme ades\u00e3o ou jun\u00e7\u00e3o entre c\u00e9lulas vizinhas e \u00e0 sua base de sustenta\u00e7\u00e3o. Isso \u00e9 proporcionado pela liga\u00e7\u00e3o dessas c\u00e9lulas a uma estrutura denominada l\u00e2mina basal, composta de glicoprote\u00ednas e fibras muito resistentes de uma subst\u00e2ncia chamada col\u00e1geno.<\/p>\n

As c\u00e9lulas da pele humana, em constante reprodu\u00e7\u00e3o, produzem bastante queratina, uma prote\u00edna muito resistente e imperme\u00e1vel que forma os filamentos intermedi\u00e1rios das c\u00e9lulas.<\/p>\n

As novas c\u00e9lulas, produzidas continuamente na camada mais profunda da pele<\/strong><\/a> (epit\u00e9lio pavimentoso estratificado), empurram as c\u00e9lulas mais antigas em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 superf\u00edcie corporal. Privadas de alimento, devido \u00e0 quantidade cada vez maior de queratina abaixo delas, as c\u00e9lulas superficiais da epiderme acabam morrendo.<\/p>\n

\"C\u00e9lulas
Epit\u00e9lio pavimentoso estratificado. Imagem obtida por microscopia \u00f3ptica, mostrando na parte mediana o epit\u00e9lio pavimentoso estratificado que forma a pele.<\/figcaption><\/figure>\n

Mesmo mortas, elas revestem o corpo humano e servem de verdadeiro escudo, pois protegem as c\u00e9lulas mais profundas, que est\u00e3o vivas. O tecido epitelial tamb\u00e9m reveste \u00f3rg\u00e3os como os pulm\u00f5es<\/strong><\/a>, a traqueia e os intestinos.<\/p>\n

Esse tecido de revestimento pode exercer fun\u00e7\u00f5es de secre\u00e7\u00e3o de muco e pode ter especializa\u00e7\u00f5es, como vimos no caso do revestimento dos br\u00f4nquios.<\/p>\n

Especializa\u00e7\u00f5es de membrana em epit\u00e9lios de revestimento<\/h2>\n

As c\u00e9lulas dos tecidos epiteliais apresentam diversas especializa\u00e7\u00f5es. Voc\u00ea j\u00e1 viu que as c\u00e9lulas da epiderme, a camada mais superficial da pele, t\u00eam caracter\u00edsticas muito especiais: est\u00e3o continuamente se reproduzindo por mitose, apresentam grande conte\u00fado de queratina e jun\u00e7\u00f5es muito fortes.<\/p>\n

Viu tamb\u00e9m que existem c\u00edlios no epit\u00e9lio da traqueia e das partes altas das vias respirat\u00f3rias, e que essas c\u00e9lulas produzem muco, uma subst\u00e2ncia pegajosa \u00e0 qual aderem as impurezas do ar inspirado, como a poeira e as bact\u00e9rias.<\/p>\n

O movimento ciliar empurra o muco para fora da traqueia e ele geralmente \u00e9 engolido e digerido. No intestino<\/strong>, h\u00e1 c\u00e9lulas do epit\u00e9lio que tamb\u00e9m t\u00eam uma especializa\u00e7\u00e3o da membrana.<\/p>\n

A parte da membrana que n\u00e3o est\u00e1 em contato com outras c\u00e9lulas, ou seja, a que est\u00e1 voltada para o lado em que o alimento transita pelo \u00f3rg\u00e3o, apresenta diminutas protuber\u00e2ncias semelhantes a dedos de luvas. Essas estruturas s\u00e3o denominadas microvilos, ou microvilosidades<\/strong>.<\/p>\n

\"C\u00e9lulas
Fotomicrografia eletr\u00f4nica de varredura da superf\u00edcie interna do intestino delgado, mostrando os microvilos. O comprimento de cada microvilo \u00e9 de cerca de 2,5 \u03bcm.<\/figcaption><\/figure>\n

\u00c9 no intestino delgado<\/strong> que ocorrem a digest\u00e3o e a absor\u00e7\u00e3o da maior parte dos nutrientes<\/strong><\/a> dos alimentos. As microvilosidades das c\u00e9lulas do intestino ampliam consideravelmente a \u00e1rea de contato com as c\u00e9lulas, o que favorece a assimila\u00e7\u00e3o do alimento.<\/p>\n

\u00c9 importante perceber que os nutrientes do alimento s\u00f3 ser\u00e3o assimilados em peda\u00e7os pequenos o suficiente para atravessar a membrana de uma c\u00e9lula do tecido epitelial de seu intestino delgado. A digest\u00e3o reduzir\u00e1 o alimento a mol\u00e9culas relativamente pequenas e elas s\u00f3 ir\u00e3o para o sangue ap\u00f3s passarem do interior do intestino (luz intestinal) \u00e0s c\u00e9lulas que o revestem.<\/p>\n

Os epit\u00e9lios apresentam especializa\u00e7\u00f5es morfol\u00f3gicas, como vimos nesses exemplos, mas tamb\u00e9m outras menos evidentes, pois s\u00e3o funcionais. Acredita-se que os epit\u00e9lios sejam importantes para ativar o sistema imune.<\/p>\n

Agentes infecciosos, como v\u00edrus, seriam detectados ao atravessar certos epit\u00e9lios, provocando a ativa\u00e7\u00e3o da resposta imune. Isso explicaria a resist\u00eancia natural a certas doen\u00e7as.<\/p>\n

Estudos recentes evidenciaram uma vasta microbiota de bact\u00e9rias<\/strong><\/a> na pele humana, vivendo em rela\u00e7\u00e3o harm\u00f4nica<\/strong><\/a>. Em diferentes regi\u00f5es do corpo, como nas axilas, no couro cabeludo, etc., encontram-se bact\u00e9rias especializadas.<\/p>\n

\"Bact\u00e9rias
Ilustra\u00e7\u00e3o, feita em computador, de pele humana em amplia\u00e7\u00e3o, mostrando bact\u00e9rias (corp\u00fasculos em azul e em verde) que vivem associadas \u00e0s gl\u00e2ndulas sudor\u00edparas da pele e aos pelos (estruturas cil\u00edndricas em marrom).<\/figcaption><\/figure>\n

Elas n\u00e3o provocam nenhuma agress\u00e3o ao organismo e se alimentam de c\u00e9lulas mortas e dos res\u00edduos das secre\u00e7\u00f5es. Isso apenas demonstra que, al\u00e9m da vasta microbiota que temos em certas regi\u00f5es internas do corpo, como na boca e nos intestinos, a superf\u00edcie corporal externa tamb\u00e9m mant\u00e9m uma rela\u00e7\u00e3o de equil\u00edbrio com microrganismos.<\/p>\n

A ilustra\u00e7\u00e3o abaixo mostra um corte da pele humana. Observe que ela \u00e9 formada pela epiderme (tecido epitelial) e pela derme (tecido conjuntivo<\/a>).<\/p>\n

\"\"
Esquema de corte da camada superficial da pele mostra o estrato basal e as c\u00e9lulas epiteliais no limite com a derme. Mais acima, em azul mais escuro, uma c\u00e9lula com proje\u00e7\u00f5es de citoplasma<\/a> por entre diversas c\u00e9lulas ainda vivas, que tem fun\u00e7\u00e3o de defesa do organismo.<\/figcaption><\/figure>\n

Abaixo da derme, encontra-se a tela subcut\u00e2nea, ou hipoderme, formada principalmente por c\u00e9lulas com muita gordura (adip\u00f3citos), que n\u00e3o fazem parte da pele. Na base da epiderme h\u00e1 c\u00e9lulas chamadas melan\u00f3citos, que produzem um pigmento chamado melanina.<\/p>\n

A melanina<\/strong> ajuda na prote\u00e7\u00e3o contra a radia\u00e7\u00e3o ultravioleta e contra agentes oxidantes. Pessoas de pele clara t\u00eam tantos melan\u00f3citos quanto pessoas de pele escura; as diferen\u00e7as na cor da pele s\u00e3o conferidas pela quantidade de melanina produzida. Os melan\u00f3citos de pessoas de pele escura apresentam maior atividade celular.<\/p>\n

Al\u00e9m dos melan\u00f3citos<\/strong>, a epiderme tem c\u00e9lulas sens\u00edveis a est\u00edmulos mec\u00e2nicos, os mecanorreceptores. Respons\u00e1veis pelo tato, essas c\u00e9lulas encontram-se ligadas a termina\u00e7\u00f5es nervosas. Praticamente todas as regi\u00f5es do corpo possuem mecanorreceptores capazes de perceber varia\u00e7\u00f5es de press\u00e3o, por\u00e9m a sensibilidade nas \u00e1reas pouco queratinizadas \u00e9 maior.<\/p>\n

Tecido epitelial glandular<\/h2>\n

O epit\u00e9lio que constitui as gl\u00e2ndulas \u00e9 formado por c\u00e9lulas especializadas em fabricar e expelir subst\u00e2ncias, atividade denominada secre\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

O epit\u00e9lio glandular \u00e9 considerado um epit\u00e9lio especializado na fun\u00e7\u00e3o secretora. As c\u00e9lulas glandulares t\u00eam tipicamente muitos ribossomos<\/strong><\/a> associados aos ret\u00edculos endoplasm\u00e1ticos, al\u00e9m de complexos golgienses<\/strong><\/a> desenvolvidos. H\u00e1 gl\u00e2ndulas que lan\u00e7am suas secre\u00e7\u00f5es no sangue, e s\u00e3o por isso chamadas end\u00f3crinas(o prefixo grego endo- significa \u201cdentro, interno, interior\u201d e krinein significa \u201cseparar\u201d).<\/p>\n

\"Gl\u00e2ndulas
O timo, gl\u00e2ndula importante na inf\u00e2ncia (no detalhe, observa-se seu grande tamanho no rec\u00e9m-nascido em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s estruturas vizinhas). Ela regride com a idade, sendo um exemplo de gl\u00e2ndula end\u00f3crina, assim como a tireoide e as suprarrenais.<\/figcaption><\/figure>\n

As gl\u00e2ndulas salivares<\/strong><\/a> e sudor\u00edparas lan\u00e7am produtos que v\u00e3o para o meio externo, e n\u00e3o para o sangue, sendo por isso denominadas ex\u00f3crinas (o prefixo grego “exo” significa \u201csa\u00edda, externo, exterior\u201d).<\/p>\n

Embora cientes da proposta de uma nova nomenclatura em anatomia, optamos aqui pela terminologia mais frequente nas obras de refer\u00eancia utilizadas. Assim, mantivemos o termo \u201csudor\u00edpara\u201d, que, pela nova terminologia, seria substitu\u00eddo por \u201csudor\u00edfera\u201d<\/p>\n

H\u00e1 ainda gl\u00e2ndulas mistas, como o p\u00e2ncreas, que fabrica o suco pancre\u00e1tico lan\u00e7ado no intestino delgado (secre\u00e7\u00e3o ex\u00f3crina) e horm\u00f4nios, como a insulina, lan\u00e7ados no sangue (secre\u00e7\u00e3o end\u00f3crina).<\/p>\n

Ap\u00f3s fabricar enzimas<\/strong><\/a> e outras subst\u00e2ncias em seu citoplasma<\/strong>, as c\u00e9lulas glandulares as secretam logo em seguida, por exocitose<\/strong><\/a>.<\/p>\n

Resumo<\/h2>\n
    \n
  1. Os tecidos epiteliais podem revestir superf\u00edcies internas ou externas e podem constituir gl\u00e2ndulas.<\/li>\n
  2. Os tecidos epiteliais s\u00e3o avasculares, t\u00eam firme ades\u00e3o entre as c\u00e9lulas, praticamente nenhum material intercelular e diversas especializa\u00e7\u00f5es de membrana.<\/li>\n<\/ol>\n

    Refer\u00eancias bibliogr\u00e1ficas<\/h2>\n

    DA SILVA GOMES, Ezio Henrique; MARQUES, Giovanna Ladeira; NUNES, Erika Takagi. PARTE I\u2013HISTOLOGIA PR\u00c1TICA 1-TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO E GLANDULAR.\u00a0BIOLOGIA GERAL<\/b>, p. 8<\/p>\n

    GERAIS, DIAMANTINA\u2013MINAS. 1. Tecido epitelial de revestimento 2. Tecido epitelial glandular 3. Tecido conjuntivo-c\u00e9lulas 4. Tecido conjuntivo-matriz extracelular 5. Tecido adiposo.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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