{"id":13642,"date":"2015-09-10T08:00:10","date_gmt":"2015-09-10T08:00:10","guid":{"rendered":"https:\/\/planetabiologia.com\/?p=13642"},"modified":"2022-11-25T11:54:00","modified_gmt":"2022-11-25T11:54:00","slug":"tecido-muscular","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/planetabiologia.com\/tecido-muscular\/","title":{"rendered":"Tecido muscular: liso, estriado esquel\u00e9tico e card\u00edaco"},"content":{"rendered":"<p>O <strong>tecido muscular<\/strong> est\u00e1 presentes nos mais diferentes animais. S\u00e3o formados por c\u00e9lulas nas quais algumas fibras do citoesqueleto se desenvolveram de maneira not\u00e1vel. Essas c\u00e9lulas t\u00eam alta capacidade contr\u00e1til e s\u00e3o de tr\u00eas tipos: tecido muscular liso, estriado esquel\u00e9tico e card\u00edaco.<\/p>\n<p>Os diferentes tipos tecidos musculares s\u00e3o formados por c\u00e9lulas com prote\u00ednas filamentosas do <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/funcao-do-citoesqueleto-movimento-celular\/\">citoesqueleto<\/a>, com especializa\u00e7\u00f5es que lhes conferem a capacidade de contratibilidade.<\/p>\n<p>A figura abaixo mostra um detalhe do tecido muscular estriado esquel\u00e9tico.<\/p>\n<figure style=\"width: 370px\" class=\"wp-caption aligncenter\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" src=\"https:\/\/i.pinimg.com\/236x\/97\/13\/8c\/97138cde72809bf8f39f822f4095116c.jpg\" alt=\"Tecido muscular: liso, estriado esquel\u00e9tico e card\u00edaco\" width=\"370\" height=\"276\" \/><figcaption class=\"wp-caption-text\">Fotomicrografia ao microsc\u00f3pio \u00f3ptico (aumento de 400 vezes) de detalhe do tecido muscular estriado esquel\u00e9tico, caracterizado pela alta capacidade contr\u00e1til e por ligar-se a algum osso.<\/figcaption><\/figure>\n<p>yEle recebe esse nome pelo aspecto t\u00edpico de bandas claras e escuras e por estar, como regra, ligado a<a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/sistema-esqueletico-ossos-do-corpo-humano\/\"><strong> ossos do esqueleto<\/strong><\/a>. As c\u00e9lulas do tecido muscular estriado esquel\u00e9tico se originam de c\u00e9lulas denominadas mioblastos, que no desenvolvimento embrion\u00e1rio se fundem e mant\u00eam o aspecto de uma c\u00e9lula \u00fanica, formando <strong>mi\u00f3citos<\/strong>, c\u00e9lulas alongadas com muitos <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/nucleo-celular-funcao-e-estrutura\/\"><strong>n\u00facleos<\/strong><\/a>.<\/p>\n<figure id=\"attachment_13532\" aria-describedby=\"caption-attachment-13532\" style=\"width: 786px\" class=\"wp-caption aligncenter\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13532\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/fibra-muscular-imatura.jpg\" alt=\"Centenas de mioblastos se fundem em uma \u00fanica c\u00e9lula\" width=\"786\" height=\"241\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/fibra-muscular-imatura.jpg 786w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/fibra-muscular-imatura-300x92.jpg 300w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/fibra-muscular-imatura-768x235.jpg 768w\" sizes=\"(max-width: 786px) 100vw, 786px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-13532\" class=\"wp-caption-text\">Centenas de mioblastos se fundem em uma \u00fanica c\u00e9lula muscular, com centenas de n\u00facleos, que pode ter at\u00e9 30 cm de comprimento.<\/figcaption><\/figure>\n<p>A fus\u00e3o dos <strong>mioblastos<\/strong> cria, na realidade, um conjunto de diversas c\u00e9lulas, sem membranas que as separem. \u00c0 medida que amadurecem, elas formam as fibras musculares.<\/p>\n<p>Embora as c\u00e9lulas musculares n\u00e3o possam se dividir (n\u00e3o realizam mitose), elas mant\u00eam c\u00e9lulas-sat\u00e9lite que conservam a capacidade de divis\u00e3o e podem produzir novas fibras musculares, recuperando o tecido em caso de les\u00e3o. No entanto, o poder de regenera\u00e7\u00e3o das c\u00e9lulas-sat\u00e9lite \u00e9 limitado.<\/p>\n<h2>A fibra muscular estriada esquel\u00e9tica<\/h2>\n<p>Cada mi\u00f3cito constitui uma fibra muscular, envolta por uma membrana (sarcolema), que deixa entrever, por transpar\u00eancia, diversos n\u00facleos.<\/p>\n<p><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13533 aligncenter\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Musculo-estriado-esqueletico.jpg\" alt=\"mi\u00f3citos\" width=\"614\" height=\"455\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Musculo-estriado-esqueletico.jpg 614w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Musculo-estriado-esqueletico-300x222.jpg 300w\" sizes=\"(max-width: 614px) 100vw, 614px\" \/><\/p>\n<p>Um m\u00fasculo estriado esquel\u00e9tico \u00e9 composto de mi\u00f3citos, c\u00e9lulas que podem ter v\u00e1rios cent\u00edmetros de comprimento e comp\u00f5em feixes musculares. Estes s\u00e3o envolvidos por uma membrana de tecido conjuntivo denso n\u00e3o modelado.<\/p>\n<p><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13534 aligncenter\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/miocito-fibramuscular.jpg\" alt=\"mi\u00f3cito - fibra muscular\" width=\"613\" height=\"298\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/miocito-fibramuscular.jpg 613w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/miocito-fibramuscular-300x146.jpg 300w\" sizes=\"(max-width: 613px) 100vw, 613px\" \/><\/p>\n<p>Acima, um esquema de trecho de um mi\u00f3cito ou fibra muscular. Atrav\u00e9s do sarcolema transparente, podem ser vistos v\u00e1rios n\u00facleos. Internamente, cada c\u00e9lula \u00e9 constitu\u00edda de cadeias de prote\u00ednas filamentosas, com, filamentos finos (<strong>actina<\/strong>) e grossos (<strong>miosina<\/strong>). Esses feixes de prote\u00ednas filamentosas formam feixes chamados miofibrilas.<\/p>\n<p>Essas miofibrilas s\u00e3o envolvidas por uma membrana interna chamada <strong>ret\u00edculo sarcoplasm\u00e1tico<\/strong>. Observe na figura abaixo como esse ret\u00edculo forma uma rede de canais que estabelecem comunica\u00e7\u00e3o, tanto no sentido longitudinal como no transversal, nesse caso formando os t\u00fabulos T. Note que o ret\u00edculo sarcoplasm\u00e1tico \u00e9 vazado, o que permite grande proximidade entre as mitoc\u00f4ndrias do <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/o-que-e-citoplasma-funcao-resumo\/\">citoplasma<\/a> e as miofibrilas.<\/p>\n<figure id=\"attachment_13535\" aria-describedby=\"caption-attachment-13535\" style=\"width: 740px\" class=\"wp-caption aligncenter\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13535\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/reticulo-endoplasmatico-e-miofibrila.jpg\" alt=\"ret\u00edculo endoplasm\u00e1tico e miofibrila\" width=\"740\" height=\"400\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/reticulo-endoplasmatico-e-miofibrila.jpg 740w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/reticulo-endoplasmatico-e-miofibrila-300x162.jpg 300w\" sizes=\"(max-width: 740px) 100vw, 740px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-13535\" class=\"wp-caption-text\">O ret\u00edculo endoplasm\u00e1tico forma uma rede interna de canais na miofibrila.<\/figcaption><\/figure>\n<p>As prote\u00ednas filamentosas, actina e miosina, est\u00e3o alinhadas nas miofibrilas, o que explica o padr\u00e3o vis\u00edvel ao microsc\u00f3pio, t\u00edpico deste tecido.<\/p>\n<p>Aqui no site temos uma atividade experimental relacionado com esse assunto com o passo a passo de como realizar:<\/p>\n<ul>\n<li class=\"post-title entry-title\"><a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/observando-os-tecidos-biologicos\/\">Observando os tecidos biol\u00f3gicos na visita a um a\u00e7ougue.<\/a><\/li>\n<\/ul>\n<h2>A contra\u00e7\u00e3o muscular<\/h2>\n<p>Esse padr\u00e3o estriado do m\u00fasculo deriva da estrutura interna do mi\u00f3cito e, ao mesmo tempo, explica o movimento muscular. As miofibrilas s\u00e3o formadas principalmente pelas prote\u00ednas actina e miosina.<\/p>\n<p>Cada <strong>miofibrila<\/strong> \u00e9 formada por <strong>sarc\u00f4meros<\/strong>, unidades que se repetem ao longo dela. Veja a figura abaixo: o sarc\u00f4mero \u00e9 formado por uma cadeia de filamentos proteicos finos (actina) que podem se ligar a proje\u00e7\u00f5es articuladas de filamentos grossos (miosina). Essa liga\u00e7\u00e3o depende da presen\u00e7a de energia e de \u00edons de c\u00e1lcio (Ca2+).<\/p>\n<p><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13537 aligncenter\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/estrutura-de-um-sarcomero.jpg\" alt=\"Actina e miosina\" width=\"438\" height=\"173\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/estrutura-de-um-sarcomero.jpg 438w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/estrutura-de-um-sarcomero-300x118.jpg 300w\" sizes=\"(max-width: 438px) 100vw, 438px\" \/><\/p>\n<p>Os filamentos grossos (miosina) t\u00eam aproximadamente 1,6 \u03bcm de di\u00e2metro nos mam\u00edferos, mas em outros animais (como em moscas e camar\u00f5es) podem ser mais grossos (at\u00e9 6 \u03bcm).<\/p>\n<p>A contra\u00e7\u00e3o muscular come\u00e7a com um est\u00edmulo dado pelo sistema nervoso, que dispara uma sequ\u00eancia de eventos a partir da r\u00e1pida libera\u00e7\u00e3o de \u00edons de c\u00e1lcio (Ca2+) do ret\u00edculo sarcoplasm\u00e1tico para o citoplasma. Na presen\u00e7a de \u00edons de c\u00e1lcio (Ca2+) e <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/o-que-e-atp-adenosina-trifosfato\/\"><strong>ATP<\/strong><\/a>, as proje\u00e7\u00f5es de miosina se ligam \u00e0 cadeia de actina e, em seguida, sofrem uma brusca retra\u00e7\u00e3o. Essa brusca retra\u00e7\u00e3o aproxima as cadeias de actina, encurtando o sarc\u00f4mero.<\/p>\n<p>Uma vez que o est\u00edmulo nervoso cessa, come\u00e7a a diminuir o n\u00edvel de c\u00e1lcio em contato com as cadeias proteicas e os \u00edons s\u00e3o reacumulados no ret\u00edculo sarcoplasm\u00e1tico. Como resultado, ocorre o desligamento das duas cadeias proteicas.<\/p>\n<p>No entanto, se as fibras forem puxadas no sentido contr\u00e1rio ao da contra\u00e7\u00e3o, no m\u00fasculo relaxado, ocorrer\u00e1 o movimento reverso.<\/p>\n<p>Isso explica a raz\u00e3o de os m\u00fasculos esquel\u00e9ticos formarem grupos antag\u00f4nicos, isto \u00e9, ao acionarmos um grupo muscular que contrai nosso abdome, por exemplo, quando partimos da posi\u00e7\u00e3o de deitado para a de sentado, relaxamos os m\u00fasculos das costas, que se alongam passivamente.<\/p>\n<h2>Mioglobina e contra\u00e7\u00e3o muscular<\/h2>\n<p>Nos matadouros, ap\u00f3s o abate de um animal, o sangue \u00e9 drenado, mas a colora\u00e7\u00e3o do m\u00fasculo, contudo, permanece avermelhada. Isso decorre da presen\u00e7a de outra prote\u00edna nos m\u00fasculos, chamada mioglobina. A mioglobina tem uma estrutura molecular parecida com a da hemoglobina: apresenta um \u00e1tomo de ferro, na forma ionizada, ligado a uma cadeia proteica.<\/p>\n<p>O oxig\u00eanio tem grande afinidade pela mioglobina. Assim, ele passa com facilidade do sangue para a fibra muscular. A mioglobina funciona como um estoque de oxig\u00eanio para a respira\u00e7\u00e3o aer\u00f3bica do m\u00fasculo. Mam\u00edferos aqu\u00e1ticos, como os cachalotes, podem ficar muito tempo submersos, sem obter oxig\u00eanio do ar, porque h\u00e1 grande quantidade de mioglobina em seus m\u00fasculos.<\/p>\n<p>As fibras musculares dos m\u00fasculos de <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/os-mamiferos-classificacao-e-caracteristicas-resumo\/\"><strong>mam\u00edferos<\/strong><\/a> t\u00eam muita mioglobina e muitas mitoc\u00f4ndrias. Isso facilita a realiza\u00e7\u00e3o de contra\u00e7\u00f5es musculares repetidas por longos per\u00edodos, embora n\u00e3o t\u00e3o r\u00e1pidas (85 m\/s). Com oxig\u00eanio e combust\u00edvel para o ciclo de Krebs, as fibras sustentam contra\u00e7\u00f5es musculares por muito tempo. H\u00e1 fibras musculares, no entanto, com pouca mioglobina e poucas mitoc\u00f4ndrias.<\/p>\n<p>Essas fibras permitem contra\u00e7\u00f5es mais r\u00e1pidas (100 m\/s), mas a energia para regenerar o ATP prov\u00e9m principalmente da <strong>via glicol\u00edtica<\/strong>, ou seja, \u00e9 gerada sem oxig\u00eanio e com baixo rendimento. Isso significa que os movimentos vigorosos podem ser mantidos por pouco tempo. Essas fibras s\u00e3o as chamadas fibras brancas.<\/p>\n<p>Os seres humanos apresentam os dois tipos de fibras, mas a propor\u00e7\u00e3o entre elas varia de um indiv\u00edduo para outro. A idade tamb\u00e9m influi na quantidade de mioglobina dos m\u00fasculos. Isso explica a cor mais clara das carnes de leit\u00e3o e vitela, pois foram retiradas de animais abatidos com pouco tempo de vida.<\/p>\n<h2>Musculatura card\u00edaca<\/h2>\n<p>A contra\u00e7\u00e3o do m\u00fasculo estriado esquel\u00e9tico \u00e9 muito parecida com a de um outro tipo de m\u00fasculo, o estriado card\u00edaco. Por\u00e9m o m\u00fasculo card\u00edaco, ou mioc\u00e1rdio, contrai-se ininterruptamente at\u00e9 a morte, apresentando por isso caracter\u00edsticas especiais. As c\u00e9lulas do m\u00fasculo estriado card\u00edaco s\u00e3o bem menores do que as c\u00e9lulas do m\u00fasculo estriado esquel\u00e9tico, medindo entre 10 e 15 \u00b5m de di\u00e2metro e 50 \u00b5m de comprimento.<\/p>\n<figure id=\"attachment_13538\" aria-describedby=\"caption-attachment-13538\" style=\"width: 338px\" class=\"wp-caption aligncenter\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13538\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/tecido-muscular-estriado-cardiaco.jpg\" alt=\"C\u00e9lulas musculares \" width=\"338\" height=\"221\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/tecido-muscular-estriado-cardiaco.jpg 338w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/tecido-muscular-estriado-cardiaco-300x196.jpg 300w\" sizes=\"(max-width: 338px) 100vw, 338px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-13538\" class=\"wp-caption-text\">Fotomicrografia obtida ao microsc\u00f3pio \u00f3ptico de tecido muscular estriado card\u00edaco.<\/figcaption><\/figure>\n<p>Uma outra distin\u00e7\u00e3o entre o m\u00fasculo card\u00edaco e o esquel\u00e9tico, do ponto de vista morfol\u00f3gico, est\u00e1 relacionada \u00e0 origem embrion\u00e1ria dessas c\u00e9lulas.<\/p>\n<p>As c\u00e9lulas do m\u00fasculo estriado card\u00edaco se formam muito cedo na vida embrion\u00e1ria \u2013 <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/coracao-anatomia-fisiologia\/\"><strong>o cora\u00e7\u00e3o humano<\/strong><\/a> come\u00e7a a bater por volta da quinta semana de vida, quando o <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/formacao-do-embriao\/\">embri\u00e3o<\/a> mede cerca de 5 mm \u2013 e se originam de mioblastos que n\u00e3o se fundem, como no caso dos m\u00fasculos estriados.<\/p>\n<p>Tipicamente, as c\u00e9lulas do m\u00fasculo estriado card\u00edaco possuem um n\u00facleo central, embora algumas possam ter dois n\u00facleos.<\/p>\n<figure id=\"attachment_13539\" aria-describedby=\"caption-attachment-13539\" style=\"width: 451px\" class=\"wp-caption aligncenter\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13539\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Representacao-esquematica-de-corte-em-musculo-cardiaco.jpg\" alt=\"m\u00fasculos do cora\u00e7\u00e3o\" width=\"451\" height=\"363\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Representacao-esquematica-de-corte-em-musculo-cardiaco.jpg 451w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Representacao-esquematica-de-corte-em-musculo-cardiaco-300x241.jpg 300w\" sizes=\"(max-width: 451px) 100vw, 451px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-13539\" class=\"wp-caption-text\">Representa\u00e7\u00e3o esquem\u00e1tica de corte em m\u00fasculo card\u00edaco, indicando alguns de seus elementos.<\/figcaption><\/figure>\n<p>Al\u00e9m disso, as c\u00e9lulas da musculatura estriada card\u00edaca s\u00e3o ramificadas e, embora tenham tamb\u00e9m <strong>sarcolemas<\/strong> muito fortes, com associa\u00e7\u00e3o entre elementos de tecido conjuntivo e membrana plasm\u00e1tica, elas se unem fortemente umas \u00e0s outras por estruturas muito vis\u00edveis ao microsc\u00f3pio \u00f3ptico, os discos intercalares, o que garante firme ades\u00e3o linear entre centenas de c\u00e9lulas.<\/p>\n<p>Por causa disso, um est\u00edmulo recebido em uma regi\u00e3o do cora\u00e7\u00e3o \u00e9 rapidamente transmitido \u00e0s demais c\u00e9lulas, e, como consequ\u00eancia, a contra\u00e7\u00e3o das c\u00e9lulas \u00e9 praticamente simult\u00e2nea. \u00c9 por isso tamb\u00e9m que mesmo pequenas les\u00f5es no tecido card\u00edaco comprometem a efici\u00eancia do seu funcionamento: a morte de algumas c\u00e9lulas j\u00e1 prejudica a transmiss\u00e3o dos est\u00edmulos de contra\u00e7\u00e3o.<\/p>\n<p>A cor do m\u00fasculo estriado card\u00edaco, macroscopicamente, \u00e9 diferente da do m\u00fasculo estriado esquel\u00e9tico. Isso se deve sobretudo \u00e0 grande irriga\u00e7\u00e3o sangu\u00ednea da musculatura card\u00edaca, com vasta rede de capilares e alto teor de mioglobina em suas fibras.<\/p>\n<p>O m\u00fasculo estriado card\u00edaco \u00e9 inteiramente dependente do trabalho aer\u00f3bico de suas <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/mitocondrias-funcao-e-estrutura-o-que-e\/\"><strong>mitoc\u00f4ndrias<\/strong><\/a>. Enquanto o m\u00fasculo estriado esquel\u00e9tico pode usar apenas a via glicol\u00edtica, sem consumo de oxig\u00eanio, o m\u00fasculo estriado card\u00edaco utiliza principalmente \u00e1cidos graxos livres para alimentar o <strong>ciclo de Krebs<\/strong>, o que demanda oxig\u00eanio para alimentar a cadeia respirat\u00f3ria.<\/p>\n<p>Isso explica a presen\u00e7a de grande dep\u00f3sito de gordura no m\u00fasculo card\u00edaco de mam\u00edferos e aves. Al\u00e9m disso, a falta de oxig\u00eanio nas c\u00e9lulas card\u00edacas tem consequ\u00eancias imediatas.<\/p>\n<p>A falta de oxig\u00eanio bloqueia a cadeia respirat\u00f3ria, o que impede a libera\u00e7\u00e3o de energia e, sem ela, n\u00e3o h\u00e1 contra\u00e7\u00e3o muscular. E o que \u00e9 pior, mesmo quando privada de oxig\u00eanio por poucos momentos, a c\u00e9lula card\u00edaca morre.<\/p>\n<p>Ao perder c\u00e9lulas vivas, diminui a capacidade do cora\u00e7\u00e3o de bombear sangue. Isso pode ter consequ\u00eancias dram\u00e1ticas. Ao contr\u00e1rio do m\u00fasculo estriado esquel\u00e9tico, o m\u00fasculo estriado card\u00edaco n\u00e3o mant\u00e9m c\u00e9lulas-sat\u00e9lite e, portanto, as c\u00e9lulas do mioc\u00e1rdio n\u00e3o se reproduzem, n\u00e3o havendo possibilidade de recompor espontaneamente partes lesadas de m\u00fasculo card\u00edaco.<\/p>\n<p>Isso explica a pesquisa que se realiza com c\u00e9lulas-tronco, pois elas poderiam ser introduzidas nas partes lesadas do m\u00fasculo card\u00edaco e originar novas c\u00e9lulas, o que melhoraria n\u00e3o apenas a pot\u00eancia da contra\u00e7\u00e3o muscular, mas tamb\u00e9m a transmiss\u00e3o do est\u00edmulo para a contra\u00e7\u00e3o do cora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n<h2>Tecido Musculatura visceral<\/h2>\n<p>O <strong>tecido muscular visceral<\/strong> apresenta uma imagem bastante diferente daquela dos tecidos estriados esquel\u00e9ticos e da dos tecidos estriados card\u00edacos. A primeira diferen\u00e7a observada ao microsc\u00f3pio \u00f3ptico \u00e9 a aus\u00eancia do padr\u00e3o de estrias.<\/p>\n<p>Os filamentos de <strong>actina<\/strong> e miosina n\u00e3o est\u00e3o organizados em <strong>sarc\u00f4meros<\/strong>. Por isso, o m\u00fasculo das v\u00edsceras \u00e9 chamado m\u00fasculo n\u00e3o estriado (ou liso). A musculatura n\u00e3o estriada est\u00e1 presente nas v\u00edsceras, como o <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/estomago\/\">est\u00f4mago<\/a>, os intestinos, os \u00f3rg\u00e3os sexuais, os <a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/pulmao\/\"><strong>pulm\u00f5es<\/strong><\/a>, os vasos sangu\u00edneos etc.<\/p>\n<p><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13540 aligncenter\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/muculo-liso-presente-em-uma-arteriola.jpg\" alt=\"arter\u00edola vista microsc\u00f3pio de varredura\" width=\"345\" height=\"281\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/muculo-liso-presente-em-uma-arteriola.jpg 345w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/muculo-liso-presente-em-uma-arteriola-300x244.jpg 300w\" sizes=\"(max-width: 345px) 100vw, 345px\" \/><\/p>\n<p>Arter\u00edola em corte, mostrando a musculatura n\u00e3o estriada, em imagem de microsc\u00f3pio eletr\u00f4nico de varredura. Aumento de 1430 vezes.<\/p>\n<p>Do ponto de vista funcional, as diferen\u00e7as entre as fibras musculares de tecido visceral e de tecidos estriados esquel\u00e9ticos e card\u00edacos s\u00e3o not\u00e1veis. A fibra muscular n\u00e3o estriada se contrai a uma velocidade 50 vezes inferior \u00e0 da musculatura estriada, mas seu consumo de energia \u00e9 300 vezes menor.<\/p>\n<p>Al\u00e9m disso, a musculatura n\u00e3o estriada pode passar per\u00edodos prolongados em contra\u00e7\u00e3o ativa, mesmo sem oxig\u00eanio.<\/p>\n<p>Costuma-se chamar a musculatura n\u00e3o estriada de involunt\u00e1ria, porque seus movimentos n\u00e3o dependem de nossa vontade. Ao contr\u00e1rio da musculatura estriada card\u00edaca, as c\u00e9lulas da musculatura n\u00e3o estriada s\u00e3o capazes de se reproduzir e a regenera\u00e7\u00e3o do m\u00fasculo ocorre naturalmente. Elas t\u00eam apenas um n\u00facleo central e n\u00e3o t\u00eam ramifica\u00e7\u00f5es. Veja na tabela a seguir a compara\u00e7\u00e3o entre os tipos de<strong> fibras musculares<\/strong>.<\/p>\n<figure id=\"attachment_13541\" aria-describedby=\"caption-attachment-13541\" style=\"width: 797px\" class=\"wp-caption aligncenter\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-13541\" src=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Comparacao-entre-os-tipos-de-fi-bras-musculares.jpg\" alt=\"Tabela comparativa fibras musculares\" width=\"797\" height=\"354\" srcset=\"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Comparacao-entre-os-tipos-de-fi-bras-musculares.jpg 797w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Comparacao-entre-os-tipos-de-fi-bras-musculares-300x133.jpg 300w, https:\/\/planetabiologia.com\/wp-content\/uploads\/2022\/08\/Comparacao-entre-os-tipos-de-fi-bras-musculares-768x341.jpg 768w\" sizes=\"(max-width: 797px) 100vw, 797px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-13541\" class=\"wp-caption-text\">Compara\u00e7\u00e3o entre os tipos de fibras musculares.<\/figcaption><\/figure>\n<p>Veja abaixo um v\u00eddeo sobre os m\u00fasculos do corpo humano<\/p>\n<p><iframe loading=\"lazy\" title=\"YouTube video player\" src=\"https:\/\/www.youtube.com\/embed\/mJnVOwTZ8dM\" width=\"560\" height=\"315\" frameborder=\"0\" allowfullscreen=\"allowfullscreen\"><\/iframe><\/p>\n<h2>Veja tamb\u00e9m<\/h2>\n<ul>\n<li><a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/os-principais-musculos-do-corpo-humano\/\">Os principais m\u00fasculos do corpo humano<\/a><\/li>\n<li><a href=\"https:\/\/planetabiologia.com\/ossos-da-mao\/\">Ossos da m\u00e3o<\/a><\/li>\n<\/ul>\n<p>Sabia que tem muita gente que envia posts, artigos, ou algo qualquer texto relacionado a biologia, ci\u00eancias ou educa\u00e7\u00e3o? Envie seu texto, artigos, imagens pra ser publicado aqui? Entre em contato.<\/p>\n<p>Se encontrar algo indevido nos textos, v\u00eddeos e imagens que recebemos, por favor, deixe nos coment\u00e1rios que assim que puder ser\u00e1 feita uma revis\u00e3o.<\/p>\n<h2>Refer\u00eancias bibliogr\u00e1ficas<\/h2>\n<p>MOREIRA, Catarina. Tecido muscular.\u00a0<b>Revista de Ci\u00eancia Elementar<\/b>, v. 3, n. 1, 2015.<\/p>\n<p>SVERZUT, Ana Cl\u00e1udia Mattiello; CHIMELLI, Leila. O papel das c\u00e9lulas sat\u00e9lites nas respostas adaptativas do tecido muscular esquel\u00e9tico.\u00a0<b>Fisioterapia e Pesquisa<\/b>, v. 6, n. 2, p. 132-139, 1999. &#8211; <a href=\"https:\/\/www.revistas.usp.br\/fpusp\/article\/view\/79615\" target=\"_blank\" rel=\"noopener\">Link<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<p>Nessa aula voc\u00ea vai entender e aprender a identificar o tecidos musculares. Veja a import\u00e2ncia e fun\u00e7\u00e3o desses tecidos para os seres vivos.<\/p>\n","protected":false},"author":4,"featured_media":14588,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[38,58],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13642"}],"collection":[{"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/4"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=13642"}],"version-history":[{"count":17,"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13642\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":15517,"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13642\/revisions\/15517"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/14588"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=13642"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=13642"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/planetabiologia.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=13642"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}