{"id":13726,"date":"2020-10-03T08:00:40","date_gmt":"2020-10-03T08:00:40","guid":{"rendered":"https:\/\/planetabiologia.com\/?p=13726"},"modified":"2022-12-11T20:31:50","modified_gmt":"2022-12-11T20:31:50","slug":"formacao-de-gametas-feminino-masculino","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/planetabiologia.com\/formacao-de-gametas-feminino-masculino\/","title":{"rendered":"A Meiose e a Forma\u00e7\u00e3o de Gametas Feminino e Masculino"},"content":{"rendered":"

O processo de forma\u00e7\u00e3o de gametas feminino e masculino ocorre atrav\u00e9s da meiose<\/strong>. Isso significa que os gametas possuem metade do material gen\u00e9tico e somente no ato da fertiliza\u00e7\u00e3o, poder\u00e1 dar origem a um novo indiv\u00edduo. Gametas s\u00e3o as c\u00e9lulas reprodutivas.<\/p>\n

O n\u00famero de cromossomos<\/strong> pode variar de esp\u00e9cie para esp\u00e9cie. No caso dos seres humanos as gameta feminina tamb\u00e9m \u00e9 chamada\u00a0 de \u00f3vulo<\/strong> e, em seu n\u00facleo, existem\u00a0 23 cromossomos .<\/p>\n

A meiose, que leva \u00e0 forma\u00e7\u00e3o do \u00f3vulo, ocorre nos ov\u00e1rios . A c\u00e9lula reprodutiva masculina, por outro lado, \u00e9 o espermatozoide<\/strong>, que tamb\u00e9m cont\u00e9m 23 cromossomos , protegidos pelo n\u00facleo da c\u00e9lula. A meiose que leva \u00e0 forma\u00e7\u00e3o dos espermatozoides ocorre nos test\u00edculos.<\/p>\n

Por maior que seja o n\u00famero de c\u00e9lulas de um ser vivo, a reprodu\u00e7\u00e3o sexual<\/strong> requer a produ\u00e7\u00e3o de gametas, que s\u00e3o c\u00e9lulas individuais. De certa forma, ao se reproduzir, o ser pluricelular retorna \u00e0 condi\u00e7\u00e3o unicelular.<\/p>\n

Uma pessoa, por exemplo, origina-se de uma c\u00e9lula \u00fanica, formada a partir da uni\u00e3o de uma c\u00e9lula feminina e outra masculina. Esse \u00e9 o ciclo de vida<\/strong> padr\u00e3o dos animais, que alternam uma fase da vida diploide (2n) com outra haploide (n), representada pelos gametas.<\/p>\n

Ciclo de vida: a ocorr\u00eancia da meiose<\/h2>\n

Nos animais, logo ap\u00f3s a uni\u00e3o dos gametas, na fertiliza\u00e7\u00e3o, forma-se o zigoto<\/strong>. Conforme o zigoto se desenvolve, o processo de multiplica\u00e7\u00e3o celular \u00e9 intenso e as c\u00e9lulas embrion\u00e1rias reproduzem-se por meio de sucessivas mitoses.<\/p>\n

A partir do momento em que o organismo passa a produzir gametas, inicia-se um outro tipo de divis\u00e3o celular, denominado meiose, que tem como resultado c\u00e9lulas haploides. Veja a figura a seguir.<\/p>\n

\"Ciclo
Esquema do ciclo de vida padr\u00e3o dos animais, com altern\u00e2ncia das fases de vida diploide (2n) e haploide (n). Nos vertebrados, na fase de vida diploide, o organismo \u00e9 macrosc\u00f3pico e \u00e9 a fase mais duradoura.<\/figcaption><\/figure>\n

Como vimos, mitose \u00e9 um tipo de divis\u00e3o celular em que h\u00e1 duplica\u00e7\u00e3o da quantidade de DNA da c\u00e9lula-m\u00e3e e divis\u00e3o equitativa do material heredit\u00e1rio \u00e0s c\u00e9lulas-filhas (verificar \u201cA fase M (mitose) do ciclo celular<\/strong><\/a>\u201d). A meiose \u00e9 um processo que tem diferen\u00e7as muito importantes, uma vez que altera a quantidade de DNA da c\u00e9lula-m\u00e3e, gerando c\u00e9lulas haploides<\/strong>.<\/p>\n

Meiose e material gen\u00e9tico<\/h2>\n

Para manter o n\u00famero diploide da esp\u00e9cie, \u00e9 necess\u00e1rio que os gametas, que se unir\u00e3o para formar o novo ser, sofram uma redu\u00e7\u00e3o da quantidade de material gen\u00e9tico.<\/p>\n

Isso acontece na meiose<\/strong><\/a>, um tipo de divis\u00e3o celular em que h\u00e1 redu\u00e7\u00e3o no n\u00famero de cromossomos<\/strong>, o que pode ser facilmente percebido pelo acompanhamento dos cromossomos na forma\u00e7\u00e3o dos gametas. Imagine um organismo 2n = 2, ou seja, um organismo cujas c\u00e9lulas t\u00eam apenas um cromossomo paterno e um materno (um par de cromossomos hom\u00f3logos<\/strong><\/a>).<\/p>\n

\"Esquema
Esquema da meiose.<\/figcaption><\/figure>\n

Na divis\u00e3o celular, o DNA<\/strong> se duplicar\u00e1 e, como consequ\u00eancia, haver\u00e1 um par de cromossomos hom\u00f3logos duplicados. A meiose separa os cromossomos hom\u00f3logos e, em seguida, separa as crom\u00e1tides-irm\u00e3s, gerando c\u00e9lulas haploides.<\/p>\n

Mitose x Meiose<\/h2>\n

Veja na figura abaixo a compara\u00e7\u00e3o entre mitose<\/strong><\/a> e meiose em uma c\u00e9lula hipot\u00e9tica. Observe como, na mitose, as c\u00e9lulas-filhas t\u00eam exatamente o mesmo lote cromoss\u00f4mico da c\u00e9lula-m\u00e3e. Na meiose, a divis\u00e3o celular reducional origina c\u00e9lulas haploides<\/strong>.<\/p>\n

\"diferen\u00e7as
Quadro comparativo entre mitose (esquerda) e meiose (direita), em uma c\u00e9lula hipot\u00e9tica, com um par de cromossomos hom\u00f3logos, sendo um deles recebido do pai e o outro, da m\u00e3e (2n = 2). Ap\u00f3s a duplica\u00e7\u00e3o dos cromossomos, as crom\u00e1tides-irm\u00e3s permanecem unidas pelo centr\u00f4mero. Note que ao final cada c\u00e9lula tem apenas uma crom\u00e1tide, portanto elas s\u00e3o haploides.<\/figcaption><\/figure>\n

Na primeira divis\u00e3o da meiose, chamada meiose I, ocorre a separa\u00e7\u00e3o dos cromossomos hom\u00f3logos<\/strong> e a dupla de crom\u00e1tides-irm\u00e3s paternas migra para um polo da c\u00e9lula, enquanto a dupla de crom\u00e1tides-irm\u00e3s maternas posiciona-se no outro polo. Lembre-se de que na mitose, diferentemente do que acontece na meiose, as crom\u00e1tides-irm\u00e3s se separam.<\/p>\n

A segunda divis\u00e3o da meiose, chamada meiose II, ocorre em seguida e, nessa etapa, as crom\u00e1tides-irm\u00e3s se separam. Note que \u00e9 apenas nesse momento que se formam c\u00e9lulas haploides. Assim, certas fases da divis\u00e3o celular, como a met\u00e1fase, ocorrem duas vezes e por isso s\u00e3o denominadas I e II, como a met\u00e1fase I e a met\u00e1fase II.<\/p>\n

Observe que a met\u00e1fase de uma mitose traria os cromossomos hom\u00f3logos pareados na regi\u00e3o equatorial da c\u00e9lula. Isso garantiria que as crom\u00e1tides fossem repartidas igualmente pelas c\u00e9lulas-filhas.<\/p>\n

Na meiose ocorrem fen\u00f4menos \u00fanicos, que n\u00e3o se observam na mitose, e que t\u00eam profunda import\u00e2ncia para a sucess\u00e3o de gera\u00e7\u00f5es dos seres vivos. Ao formar gametas com DNA ligeiramente diferente do original, abre-se a possibilidade para modifica\u00e7\u00f5es na hist\u00f3ria da sucess\u00e3o de gera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Isso tem tido import\u00e2ncia fundamental para que as diferentes esp\u00e9cies tenham conseguido enfrentar as profundas mudan\u00e7as pelas quais passou nosso planeta, desde a \u00e9poca em que os estromat\u00f3litos eram a forma mais comum de vida nos mares rasos e quentes, h\u00e1 bilh\u00f5es de anos.<\/p>\n

Meiose e variabilidade gen\u00e9tica<\/h2>\n

Quando uma c\u00e9lula diploide<\/strong> passa pelo processo de meiose, a duplica\u00e7\u00e3o do material gen\u00e9tico ocorre em uma \u00fanica etapa, que antecede o in\u00edcio da divis\u00e3o. No entanto, o resultado esperado da meiose s\u00e3o c\u00e9lulas com a metade da quantidade de DNA, ou seja, c\u00e9lulas haploides.<\/p>\n

Por isso, a meiose \u00e9 uma divis\u00e3o celular reducional. Na meiose as c\u00e9lulas resultantes, os gametas, n\u00e3o possuem apenas quantidade diferente de material gen\u00e9tico, mas t\u00eam tamb\u00e9m uma qualidade diferente.<\/p>\n

Na verdade, os cromossomos hom\u00f3logos duplicados se associam de maneira \u00fanica no in\u00edcio da meiose, formando pares de cromossomos duplicados, chamados bivalentes, pois est\u00e3o emparelhados. Esse conjunto \u00e9 tamb\u00e9m chamado t\u00e9trade, pois s\u00e3o quatro crom\u00e1tides emparelhadas, duas a duas.<\/p>\n

Essa associa\u00e7\u00e3o \u00e9 t\u00e3o \u00edntima que frequentemente ocorrem quebras nas mol\u00e9culas de DNA, que s\u00e3o reparadas por soldaduras, as quais, contudo, podem ocorrer em posi\u00e7\u00e3o trocada. O DNA de uma crom\u00e1tide pode ser soldado ao DNA da crom\u00e1tide hom\u00f3loga e n\u00e3o \u00e0 mol\u00e9cula a que pertencia originalmente, e vice- -versa<\/p>\n

Assim, os cromossomos dos gametas poder\u00e3o ter, em uma mesma crom\u00e1tide, segmentos do DNA paterno e segmentos de DNA materno, formando uma crom\u00e1tide totalmente diferente das recebidas dos genitores. Esse fen\u00f4meno de troca de peda\u00e7os entre cromossomos hom\u00f3logos \u00e9 chamado permuta\u00e7\u00e3o ou crossing-over<\/strong>.<\/p>\n

\"processo
Um par de bivalentes (t\u00e9trade) sofre quebras cromoss\u00f4micas e a soldadura de reparo \u00e9 feita de maneira trocada, soldando uma crom\u00e1tide \u00e0 sua hom\u00f3loga, o que cria crom\u00e1tides originais. O processo \u00e9 chamado permuta\u00e7\u00e3o ou crossing-over.<\/figcaption><\/figure>\n

Ovog\u00f4nia, ov\u00f3cito e \u00f3vulos humanos<\/h2>\n

Nos ov\u00e1rios de um embri\u00e3o<\/a> humano do sexo feminino ocorrem divis\u00f5es mit\u00f3ticas at\u00e9, aproximadamente, a metade da gesta\u00e7\u00e3o, entre a 20\u00aa- e a 24\u00aa- semana gestacional. Depois desse per\u00edodo, e ao longo de toda a vida da menina, as ovog\u00f4nias<\/strong> n\u00e3o entrar\u00e3o em mitose.<\/p>\n

Nessa fase da vida embrion\u00e1ria, h\u00e1 cerca de sete milh\u00f5es de c\u00e9lulas que podem iniciar a produ\u00e7\u00e3o de gametas femininos, as ovog\u00f4nias. No entanto, poucas delas de fato ir\u00e3o adiante na forma\u00e7\u00e3o de gametas.<\/p>\n

A partir da s\u00e9tima semana gestacional, as ovog\u00f4nias, que se originaram por mitose, come\u00e7am, gradualmente, a entrar em meiose.<\/p>\n

Seis meses ap\u00f3s o nascimento do beb\u00ea, todas as ovog\u00f4nias est\u00e3o iniciando a meiose, constituindo ov\u00f3citos, que, no entanto, representam menos da metade do n\u00famero inicial dessas c\u00e9lulas.<\/p>\n

Cada uma delas, j\u00e1 com o material gen\u00e9tico duplicado, permanecer\u00e1 nesse est\u00e1gio at\u00e9 que complete a primeira divis\u00e3o da meiose, em um processo denominado ovula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A primeira ovula\u00e7\u00e3o ocorre no in\u00edcio da puberdade e, dos cerca de dois milh\u00f5es de ov\u00f3citos presentes nos ov\u00e1rios ao nascimento, sobrevivem aproximadamente 400 mil para continuar a produ\u00e7\u00e3o de gametas.<\/p>\n

O primeiro ov\u00f3cito ficar\u00e1 maduro por volta de 13 anos depois do in\u00edcio da meiose. Ao longo de toda a vida reprodutiva da mulher, esse dever\u00e1 ser o destino apenas de cerca de 500 ov\u00f3citos.<\/p>\n

A cada ciclo menstrual, um grupo de ov\u00f3citos come\u00e7a a se desenvolver, por meio da multiplica\u00e7\u00e3o de c\u00e9lulas que envolvem e nutrem o ov\u00f3cito, em estruturas ovarianas denominadas fol\u00edculos. Na idade reprodutiva, esse desenvolvimento folicular progride favoravelmente, dando seguimento \u00e0 meiose de pelo menos um dos ov\u00f3citos.<\/p>\n

\"est\u00e1gios<\/p>\n

Acima uma ilustra\u00e7\u00e3o esquem\u00e1tica representando diferentes est\u00e1gios de matura\u00e7\u00e3o de um ov\u00f3cito humano, do fol\u00edculo primordial (no alto, \u00e0 esquerda), passando pelo fol\u00edculo maduro (embaixo, \u00e0 esquerda), at\u00e9 a ovula\u00e7\u00e3o, isto \u00e9, a sa\u00edda do ov\u00e1rio do ov\u00f3cito maduro.<\/p>\n

A rigor, quando ocorre a ovula\u00e7\u00e3o, a segunda divis\u00e3o da meiose ainda n\u00e3o terminou e, portanto, forma-se apenas um ov\u00f3cito. O final da meiose, ou seja, a produ\u00e7\u00e3o de um gameta feminino maduro, denominado \u00f3vulo, acontecer\u00e1 apenas se houver fecunda\u00e7\u00e3o<\/a>. Esta sempre ocorre na tuba uterina, canal que liga o ov\u00e1rio ao \u00fatero.<\/p>\n

De espermatog\u00f4nia a espermatozoide em seres humanos<\/h2>\n

Nos seres humanos de sexo masculino, o processo de produ\u00e7\u00e3o de gametas ocorre nos test\u00edculos e \u00e9 bastante diferente daquele que acabamos de ver. Na puberdade inicia-se a espermatog\u00eanese, a produ\u00e7\u00e3o de espermatozoides, que ter\u00e1 continuidade por toda a vida.<\/p>\n

A espermatog\u00eanese ocorre basicamente em tr\u00eas etapas. Resumidamente, pode- -se afirmar que na primeira h\u00e1 uma intensa divis\u00e3o mit\u00f3tica de espermatog\u00f4nias, que geram espermat\u00f3citos<\/strong><\/a>.<\/p>\n

A partir da adolesc\u00eancia, todos os dias, cerca de 2 milh\u00f5es de espermatog\u00f4nias entram em mitose. As espermatog\u00f4nias se reproduzem por mitose ao longo de toda a vida adulta dos homens, o que explica a grande diferen\u00e7a entre a forma\u00e7\u00e3o de espermatozoides nos homens e de ov\u00f3citos nas mulheres. Os espermat\u00f3citos<\/strong>, ainda sem flagelo, participam da segunda etapa, iniciando o processo mei\u00f3tico.<\/p>\n

Cada espermat\u00f3cito dar\u00e1 origem a quatro esperm\u00e1tides, c\u00e9lulas haploides e com rudimentos de flagelos. Na terceira etapa as esperm\u00e1tides amadurecer\u00e3o, dando origem aos espermatozoides. Essas etapas ocorrem de maneira sincr\u00f4nica, ao longo de aproximadamente dois meses, formando a chamada onda espermatog\u00eanica.<\/p>\n

\"espermatog\u00eanse\"
Ilustra\u00e7\u00e3o representando, de maneira esquem\u00e1tica e resumida, a espermatog\u00eanese, isto \u00e9, a forma\u00e7\u00e3o de um espermatozoide. Na parte de baixo da figura est\u00e3o indicadas as principais partes desse gameta.<\/figcaption><\/figure>\n

Cada espermatog\u00f4nia d\u00e1 origem a 64 espermatozoides; ou seja, todos os dias um homem produz cerca de 128 milh\u00f5es de espermatozoides.<\/p>\n

Ov\u00f3citos e espermatozoides s\u00e3o os gametas que constituem a fase haploide de um ser humano. Da uni\u00e3o entre um homem e uma mulher, se houver relacionamento sexual e encontro de gametas (fecunda\u00e7\u00e3o), um novo ser diploide poder\u00e1 ser formado.<\/p>\n

V\u00eddeo sobre a forma\u00e7\u00e3o de gametas<\/h3>\n

Depois de ler todo o texto, sugiro ver o v\u00eddeo para refor\u00e7ar o assunto. Se ainda assim ficar alguma d\u00favida, deixe nos coment\u00e1rios que tentarei responder o mais r\u00e1pido poss\u00edvel.<\/p>\n