{"id":13746,"date":"2022-10-31T08:00:27","date_gmt":"2022-10-31T08:00:27","guid":{"rendered":"https:\/\/planetabiologia.com\/?p=13746"},"modified":"2022-11-25T21:15:31","modified_gmt":"2022-11-25T21:15:31","slug":"formacao-do-embriao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/planetabiologia.com\/formacao-do-embriao\/","title":{"rendered":"A Forma\u00e7\u00e3o do Embri\u00e3o"},"content":{"rendered":"

A forma\u00e7\u00e3o do embri\u00e3o<\/strong> se inicia na terceira semana de desenvolvimento\u00a0e \u00e9 o per\u00edodo durante o qual cada uma das tr\u00eas folhas germinativas d\u00e1 origem aos tecidos e \u00f3rg\u00e3os que dela derivam.\u00a0Como consequ\u00eancia da forma\u00e7\u00e3o dos \u00f3rg\u00e3os<\/a>, as principais caracter\u00edsticas do corpo s\u00e3o formadas nessa fase.<\/p>\n

A fertiliza\u00e7\u00e3o produz o que \u00e9 conhecido como ovo fertilizado (ou zigoto); Cerca de quatro horas depois de formado, o \u00f3vulo fertilizado come\u00e7a a se dividir continuamente, formando um tipo de cole\u00e7\u00e3o de c\u00e9lulas redondas chamada bl\u00e1stula (ou blastocisto).<\/p>\n

Como vimos, quando um espermatozoide humano encontra um ov\u00f3cito, o ov\u00f3cito completa a meiose logo em seguida e se torna um \u00f3vulo pouco antes da forma\u00e7\u00e3o do zigoto.<\/p>\n

\"Fotomicrografia
Fotomicrografia \u00f3ptica de um \u00f3vulo humano fecundado. O di\u00e2metro presumido do \u00f3vulo \u00e9 de aproximadamente 100 \u03bcm.<\/figcaption><\/figure>\n

O encontro do espermatozoide<\/strong> e do ov\u00f3cito ocorre na tuba uterina, um ducto cujo epit\u00e9lio da superf\u00edcie interna \u00e9 dotado de especializa\u00e7\u00f5es, os c\u00edlios. A superf\u00edcie ciliada realiza movimentos r\u00edtmicos e empurra o zigoto<\/strong> em dire\u00e7\u00e3o ao \u00fatero, onde o embri\u00e3o vai se desenvolver durante a gesta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\"c\u00e9lulas
O zigoto \u00e9 conduzido para dentro do \u00fatero pela movimenta\u00e7\u00e3o dos c\u00edlios do epit\u00e9lio de revestimento da tuba uterina (no detalhe, fotomicrografia ao microsc\u00f3pio de varredura; colorizado por computador, c\u00edlios em verde sobre c\u00e9lulas do epit\u00e9lio em azul; amplia\u00e7\u00e3o de cerca de 1 000 vezes para imagem com 6 cm x 7 cm).<\/figcaption><\/figure>\n

Cerca de trinta horas depois, o zigoto come\u00e7a a se dividir e ocorre a primeira clivagem \u2013 diz-se que o embri\u00e3o sofre uma clivagem a cada vez que ele duplica seu n\u00famero de c\u00e9lulas. Assim, a primeira divis\u00e3o celular<\/a> do embri\u00e3o \u00e9 a primeira mitose e sua primeira clivagem.<\/p>\n

Dez horas ap\u00f3s a primeira divis\u00e3o, cada uma das c\u00e9lulas se divide novamente e agora forma um pequeno embri\u00e3o de quatro c\u00e9lulas. Cada um deles \u00e9 chamado de blast\u00f4mero.<\/p>\n

Embora o n\u00famero de c\u00e9lulas embrion\u00e1rias aumente, o embri\u00e3o permanece do mesmo tamanho neste est\u00e1gio inicial de desenvolvimento devido \u00e0 rigidez da zona pel\u00facida que continua envolvendo o embri\u00e3o.<\/p>\n

Essa massa compacta de blast\u00f4meros forma um est\u00e1gio chamado m\u00f3rula porque se assemelha a uma amora. Nos humanos, a jornada do ov\u00e1rio ao \u00fatero leva entre tr\u00eas e quatro dias.<\/p>\n

\"percurso
O percurso do ov\u00e1rio ao \u00fatero dura de tr\u00eas a quatro dias na esp\u00e9cie humana.<\/figcaption><\/figure>\n

A m\u00f3rula continua a passar por mitoses at\u00e9 que se forma uma estrutura esf\u00e9rica com uma cavidade interna, denominada bl\u00e1stula. A bl\u00e1stula tem uma cavidade cheia de l\u00edquido e continua a passar por mitoses.<\/p>\n

Com as clivagens, os blast\u00f4meros<\/strong> duplicam-se a intervalos regulares e h\u00e1 aumento no tamanho do embri\u00e3o. Observe na figura abaixo como a bl\u00e1stula<\/strong> passa a formar uma dobra que pressiona a parte interna do embri\u00e3o (invagina\u00e7\u00e3o) a partir das sucessivas divis\u00f5es dos blast\u00f4meros.<\/p>\n

\"Desenvolvimento
Desenvolvimento embrion\u00e1rio de um animal parecido com um tubar\u00e3o, mostrando as etapas de clivagem e a gastrula\u00e7\u00e3o.<\/figcaption><\/figure>\n

Esse processo forma uma nova cavidade, cuja abertura se fecha gradativamente, at\u00e9 restar apenas um poro, chamado blast\u00f3poro<\/strong>. Essa pequena estrutura correspondente ao est\u00e1gio embrion\u00e1rio que sucede a bl\u00e1stula \u00e9 denominada g\u00e1strula, e o processo \u00e9 denominado gastrula\u00e7\u00e3o<\/strong>.<\/p>\n

Os folhetos embrion\u00e1rios<\/h2>\n

Embora o desenvolvimento embrion\u00e1rio dos animais seja semelhante nas fases iniciais, existem diferen\u00e7as nas fases posteriores porque a quantidade de vitelo no ovo e a origem da nutri\u00e7\u00e3o dos embri\u00f5es afetam criticamente o desenvolvimento.<\/p>\n

Normalmente, a bl\u00e1stula tem uma \u00fanica camada celular, mas isso muda durante a gastrula\u00e7\u00e3o quando ela tem dois conjuntos de tecidos chamados camadas embrion\u00e1rias ou camadas germinativas: o ectoderma e o endoderma.<\/p>\n

O termo \u201cgerminativo\u201d se justifica por esses tecidos conterem \u201cgermes\u201d, no sentido de \u201cprim\u00f3rdios\u201d, de \u00f3rg\u00e3os e estruturas. Animais como as esponjas, as an\u00eamonas e as \u00e1guas-vivas desenvolvem seus embri\u00f5es com apenas dois folhetos germinativos, por isso s\u00e3o considerados animais diplobl\u00e1sticos, ou dibl\u00e1sticos<\/strong>.<\/p>\n

No entanto, a g\u00e1strula da maioria dos animais come\u00e7a a desenvolver uma camada de c\u00e9lulas intermedi\u00e1ria, um novo folheto germinativo chamado mesoderme<\/strong>. Animais com tr\u00eas folhetos germinativos s\u00e3o chamados triplobl\u00e1sticos, ou tribl\u00e1sticos.<\/p>\n

\"Esquema
Esquema da g\u00e1strula de um embri\u00e3o de anf\u00edbio e dos prim\u00f3rdios de seus tr\u00eas folhetos germinativos.<\/figcaption><\/figure>\n

A apar\u00eancia do embri\u00e3o guarda rela\u00e7\u00e3o direta com a forma do ovo. Em animais cujos ovos cont\u00eam muito vitelo, como as galinhas, a g\u00e1strula parece um disco min\u00fasculo em um dos polos.<\/p>\n

\"olhetos
Esquemas da g\u00e1strula de um embri\u00e3o de ave (galinha). Veja, \u00e0 esquerda, o formato discoidal e o tamanho reduzido do embri\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o ao grande volume de vitelo. \u00c0 direita, detalhe mostrando dois folhetos embrion\u00e1rios: a ectoderme e a endoderme.<\/figcaption><\/figure>\n

O destino do blast\u00f3poro<\/h2>\n

Nos animais tribl\u00e1sticos o blast\u00f3poro<\/strong> pode originar tanto a boca do animal adulto quanto o \u00e2nus. O blast\u00f3poro comunica-se com uma cavidade (canal alimentar) que \u00e9, na verdade, o prim\u00f3rdio da cavidade g\u00e1strica do animal \u2013 da\u00ed o nome g\u00e1strula.<\/p>\n

Em outras palavras, o blast\u00f3poro pode dar origem a qualquer uma das duas extremidades do sistema destinado \u00e0 digest\u00e3o dos alimentos.<\/p>\n

Ao compararmos o desenvolvimento embrion\u00e1rio das larvas de dois animais distintos, na figura abaixo, podemos perceber uma diferen\u00e7a marcante no que se refere ao processo de forma\u00e7\u00e3o do canal alimentar.<\/p>\n

\"forma\u00e7\u00e3o
Os esquemas mostram a forma\u00e7\u00e3o do canal alimentar a partir do blast\u00f3poro, em larvas de animais diferentes. Em (a), a larva de um verme parecido com uma minhoca e em (b), uma larva de ouri\u00e7o-do-mar. Em (b) a boca \u00e9 uma forma\u00e7\u00e3o posterior no desenvolvimento embrion\u00e1rio, enquanto em (a) forma-se a partir do blast\u00f3poro. Tamanho aproximado do menor eixo da larva: 200 \u03bcm.<\/figcaption><\/figure>\n

No caso da larva do ouri\u00e7o-do-mar, mostrada em (b) na figura, o blast\u00f3poro origina o \u00e2nus e a boca forma-se posteriormente. Animais com esse tipo de desenvolvimento s\u00e3o denominados deuterostomados<\/strong> (em grego deuteros significa \u2018segundo\u2019, e stoma, \u2018boca\u2019).<\/p>\n

Nos animais protostomados<\/strong>, como a larva do verme parecido com a minhoca, mostrada em (a) na figura, o blast\u00f3poro se mant\u00e9m na regi\u00e3o anterior do embri\u00e3o; a boca desenvolve-se primeiro e depois ocorre o desenvolvimento do \u00e2nus. Em grego, protos significa \u2018primeiro\u2019.<\/p>\n

Todos os moluscos, como caramujos, mexilh\u00f5es, lulas e polvos, e tamb\u00e9m todos os artr\u00f3podes, como aranhas, insetos, crust\u00e1ceos, etc., s\u00e3o exemplos de animais protostomados.<\/p>\n

A condi\u00e7\u00e3o protost\u00f4mia ou deuterostoa permite diferenciar os animais tribl\u00e1sticos em dois grandes grupos conforme o destino do blast\u00f3poro. Essa caracter\u00edstica \u00e9 muito importante, dado que nenhum vertebrado tem sua boca originada do blast\u00f3poro. Todos os vertebrados e os equinodermos, como as estrelas-do-mar, s\u00e3o animais deuterostomados.<\/p>\n

\"Sequ\u00eancia
Sequ\u00eancia da gastrula\u00e7\u00e3o de estrela-do-mar. Observe o destino do blast\u00f3poro. Di\u00e2metro menor de cerca de 170 \u03bcm.<\/figcaption><\/figure>\n

Os animais deuterostomados t\u00eam muitas caracter\u00edsticas em comum e uma caracter\u00edstica que difere notavelmente da condi\u00e7\u00e3o apresentada pelos animais protostomados. O sistema nervoso dos animais deuterostomados \u00e9 dorsal, enquanto o dos protostomados \u00e9 ventral.<\/p>\n

Essa distin\u00e7\u00e3o constitui a base para distinguir os dois grandes padr\u00f5es de desenvolvimento dos animais. Acredita-se que a diferencia\u00e7\u00e3o dos animais protostomados e deuterostomados tenha ocorrido a partir de um ancestral hipot\u00e9tico, que j\u00e1 era dotado de tr\u00eas folhetos germinativos, uma regi\u00e3o cef\u00e1lica, o corpo dividido em segmentos e se reproduzia por meio de uma larva parecida com a dos moluscos atuais.<\/p>\n

\"diferencia\u00e7\u00e3o
Esquema da diferencia\u00e7\u00e3o dos dois grandes padr\u00f5es de animais a partir de um ancestral hipot\u00e9tico. Note que o sistema nervoso (em azul) de um deles est\u00e1 na regi\u00e3o ventral, caracter\u00edstica dos animais protost\u00f4micos, e o do outro est\u00e1 na regi\u00e3o dorsal (deuterost\u00f4micos).<\/figcaption><\/figure>\n

Resumo<\/h2>\n

1- Durante o desenvolvimento, o embri\u00e3o passa pelas seguintes etapas: clivagem (divis\u00e3o das c\u00e9lulas), segmenta\u00e7\u00e3o (ovo, m\u00f3rula e bl\u00e1stula), gastrula\u00e7\u00e3o e organog\u00eanese.<\/p>\n

2 -Os embri\u00f5es podem ter dois folhetos embrion\u00e1rios (ou folhetos germinativos), sendo denominados dibl\u00e1sticos, como \u00e9 o caso dos por\u00edferos e cnid\u00e1rios; embri\u00f5es com tr\u00eas folhetos germinativos s\u00e3o ditos tribl\u00e1sticos, como \u00e9 o caso dos demais filos de metazo\u00e1rios.<\/p>\n

3 – A g\u00e1strula tem uma cavidade com uma abertura, o blast\u00f3poro. A primeira estrutura derivada do blast\u00f3poro (o \u00e2nus ou a boca) define dois grandes padr\u00f5es de desenvolvimento embrion\u00e1rio nos animais.<\/p>\n

4 – Nos animais protost\u00f4micos, o blast\u00f3poro origina a boca; esse \u00e9 o caso de invertebrados tribl\u00e1sticos (com exce\u00e7\u00e3o dos equinodermos).<\/p>\n

5 – Nos animais deuterost\u00f4micos, como equinodermos e todos os vertebrados, o blast\u00f3poro origina o \u00e2nus.<\/p>\n

Assuntos relacionados<\/h2>\n