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O que é ciclo menstrual: fases

O ciclo menstrual é o intervalo de tempo entre uma menstruação e a próxima. Para calcular sua duração, é necessário considerar o período desde o 1º dia em que surge o fluxo menstrual (1º dia do ciclo) até o dia anterior ao início da próxima menstruação.

Esse ciclo  é regido por hormônios produzidos pela hipófise e pelos ovários. Ao longo da vida fértil, periodicamente o corpo da mulher passa por transformações que preparam as condições para o desenvolvimento de um embrião.

Em sincronia com os ovários, que produzem um gameta a cada ciclo de aproximadamente 28 dias, as paredes do útero engrossam para acolher o embrião, através de multiplicação de tecidos e vasos sanguíneos.

Quando não ocorre a fecundação, essas paredes descamam e sangram, caracterizando a menstruação. Os ovários começam a funcionar na vida embrionária, quando desenvolvem ovogônias (2n), que se reproduzem por mitose, originando ovócitos primários (2n).

Estes, ainda antes do nascimento, entram em meiose e estacionam na sua fase inicial (prófase I). Os ovócitos primários fetais permanecem rodeados por uma fina camada de células, formando o folículo primordial.

ciclo menstrual
Ilustração esquemática (sem escala) da formação dos folículos primários. Os ovócitos primários originam folículos primordiais (de cerca de 20 µm de diâmetro), que podem começar a crescer e se transformar em folículos primários (140 µm).

Essas células foliculares são importantes na nutrição e no desenvolvimento dos ovócitos, bem como na sua preparação para a fertilização. Ao longo da vida, os folículos primordiais crescem e se tornam folículos primários.

Até a puberdade, cerca de 95% dos folículos primários regridem, por apoptose. Essa perda de folículos primários se intensifica com a idade: aos 40 anos, as mulheres têm, em média, menos de mil folículos primários e, aos 50 anos, praticamente nenhum.

A ausência dos folículos primários é a principal causa da menopausa ou climatério. Essa fase da vida da mulher caracteriza-se pelo fim da fertilidade e dos ciclos menstruais. Acompanhe as explicações na figura abaixo.

Desenvolvimento do folículo
Crescimento folicular (direita) e correspondência das fases da meiose (esquerda) no ovócito. Como resultado, é produzido um ovócito, que só completará a meiose, tornando-se óvulo, se ocorrer a fecundação. Os corpúsculos polares degeneram e podem ser dois ou três para cada ovócito produzido.

Cada ovócito primário é envolvido por camadas de células chamadas células foliculares. Mensalmente, desde a puberdade até a menopausa, um certo número de folículos primários começa a crescer.

Em uma semana, um deles, o folículo dominante, desenvolve-se mais do que os outros e acelera seu crescimento, enquanto os demais regridem. Durante o amadurecimento do folículo, há progressão da meiose, que permanece incompleta.

A meiose dos ovócitos se completará apenas na fecundação e, das células resultantes, apenas uma se desenvolverá como gameta. As demais permanecerão praticamente sem citoplasma e vão se degenerar; são chamadas corpúsculos polares. O gameta gerado é o ovócito secundário.

No interior do folículo dominante há proliferação de células e formação de um espaço preenchido por líquido, constituindo o folículo de Graaf, que, quando maduro, atinge cerca de 2 cm de diâmetro, e o ovócito, 120 μm.

Nessa fase, o ovócito secundário, rodeado de células (células da granulosa), flutua no interior do folículo. Ao redor do 14º- dia do ciclo, o folículo se rompe, extravasando seu líquido pegajoso, e o ovócito secundário, rodeado pelas células da granulosa, é capturado pelas fímbrias da tuba uterina.

A mulher pode sentir algum desconforto e até mesmo uma sensação dolorosa. Esse evento, denominado ovulação, é controlado por hormônios. Caso ocorra a fecundação, a meiose II se completará, havendo formação do óvulo com núcleo haploide e de outro corpúsculo polar.

Fases do ciclo menstrual

A cada mês o ovário amadurece um óvulo e o libera durante um processo chamado ovulação . Ao mesmo tempo, os hormônios sexuais femininos preparam a membrana mucosa que reveste o útero (endométrio) internamente para acomodar uma possível gravidez .

Podemos dividir o ciclo menstrual em 3 fases:

  • Fase folicular ou pré ovulatória;
  • Ovulação e
  • Fase lútea.

Veja a figura abaixo.

Fase folicular ou pré ovulatória; Ovulação e Fase lútea.

Fase folicular

A fase folicular (ou pré-ovulatória) começa no primeiro dia do fluxo menstrual, que corresponde ao primeiro dia do ciclo, e termina no dia anterior à ovulação.

Nesse período, os níveis dos hormônios estrogênios produzidos pelo ovário aumentam progressivamente no sangue e causam grandes alterações no ovário e no revestimento interno do útero (endométrio), que se repetem mensalmente ao longo da vida reprodutiva da mulher.

Nos primeiros 5-6 dias do ciclo, que correspondem ao fluxo menstrual, o endométrio descama e as veias e artérias subjacentes criam um fluxo de sangue misto para o tecido que se desprende da base do revestimento uterino.

Ao final da menstruação (em média do 6º ao 14º dia), o endométrio engrossa e se prepara para receber um eventual óvulo fertilizado por um espermatozoide. Ao mesmo tempo, no ovário, o estrogênio causa o crescimento de folículos, pequenas vesículas que contêm óvulos. Geralmente, apenas um folículo atinge a maturidade total a cada mês.

Ovulação

Cerca de duas semanas antes do início da próxima menstruação, um aumento acentuado de um hormônio produzido pela glândula pituitária, o hormônio luteinizante , faz com que um folículo se abra e o óvulo maduro seja liberado.

Esse fenômeno é chamado de ovulação e pode ocorrer, alternativamente, em um ou outro ovário. O óvulo é liberado do ovário para a tuba uterina, onde permanece por cerca de 24 horas esperando para ser fertilizado por um espermatozoide que subiu do trato genital feminino após a relação sexual.

O que resta do folículo que liberou o óvulo se transforma em uma glândula chamada corpo lúteo , responsável pela produção de progesterona.

Fase lútea

Após a ovulação, o endométrio é estimulado pela progesterona (em média do 16º ao 23º dia) e atinge sua espessura máxima e sua maturação completa para acomodar e nutrir qualquer óvulo fertilizado.

A partir daí, por volta da 4ª semana de gestação, a placenta substituirá o endométrio para fornecer nutrição ao embrião. Se o óvulo não for fertilizado, é reabsorvido e o corpo lúteo degenera, fazendo com que a concentração de progesterona no sangue caia drasticamente.

A rápida diminuição desse hormônio determina a esfoliação do endométrio e o início da menstruação. Ao final do fluxo menstrual, inicia-se um novo ciclo que se repete todos os meses até a menopausa .

Como contar o ciclo menstrual

O cálculo do ciclo menstrual e em particular da ovulação permite identificar o período fértil. Cabe destacar que um dos métodos mais populares consiste em calcular a temperatura basal, ou seja, aquela que é medida pela manhã ao acordar.

O aumento do nível de estrogênio, que ocorre próximo à ovulação, leva a uma diminuição da temperatura de cerca de três décimos em relação ao padrão.

Um método popular especialmente no passado é o conhecido como tabelinha, que consiste em tomar nota durante pelo menos seis meses da duração do ciclo para saber os dias entre duas menstruações.

No entanto, esse método muitas vezes se mostra impreciso para fins de cálculo do ciclo menstrual e da ovulação. O método Billings, por outro lado, é baseado em alterações no muco cervical causadas por flutuações hormonais.

Isso é pequeno nos dias seguintes ao final de uma menstruação, enquanto é muito mais abundante perto da ovulação. Nesse período, além disso, o muco também muda de consistência para criar um ambiente favorável aos espermatozoides.

Finalmente, também existem no mercado testes do tipo “faça você mesmo” que permitem avaliar e prever a ovulação medindo a quantidade de hormônio LH e estradiol. Esses testes são muito úteis principalmente para quem tem um ciclo extremamente irregular.

Os hormônios e os ovários

Os folículos ovarianos são estimulados por hormônios gonadotrópicos produzidos na hipófise. O FSH e o LH, hormônios que estudamos com a produção dos gametas no homem, são produzidos tanto na hipófise masculina como na feminina.

Como foram descobertos em mulheres, receberam nomes que se referem a estruturas ovarianas e que se mantiveram depois, quando os hormônios foram encontrados em homens.

O FSH é liberado pela hipófise e estimula a reprodução das células foliculares, e o LH as estimula a produzir hormônio feminino, o estrógeno. Nas mulheres, a secreção desses hormônios não é contínua, e a cada ciclo apresenta variações marcadas.

O ciclo se inicia com a produção de FSH pela hipófise, e o hormônio estimula o crescimento dos folículos primários. Estes, com a multiplicação das células que envolvem o ovócito primário, produzem estrógeno, hormônio feminino que tem efeito de retroalimentação positiva sobre o próprio folículo, ou seja, estimula a produção de mais estrógeno.

No entanto, parte desse hormônio cai na circulação sanguínea, atinge a hipófise e tem efeito de retroalimentação negativa sobre a produção de FSH. Assim, esse hormônio deixa de ser produzido, e isso parece explicar a regressão dos folículos.

Apenas um deles, o folículo dominante, mantém seu desenvolvimento com o próprio estrógeno produzido. Paralelamente, a hipófise secreta LH, hormônio com papel indutor na produção de estrógeno.

eliminação do folículo constitui a ovulação.
Maturação de um folículo de Graaf. A eliminação do folículo constitui a ovulação.

Aproximadamente dois dias antes da ovulação, a produção de LH pela hipófise se intensifica enormemente; a produção de FSH também aumenta, embora não com a mesma intensidade.

Essa variação nos níveis hormonais estimula a maturação do folículo dominante e promove o seu rompimento, na ovulação. Pouco antes e imediatamente após a ovulação, as células foliculares passam por grandes mudanças sob ação do LH, em um processo denominado luteinização.

Adquirem aspecto amarelado e passam a produzir estrógeno e, principalmente, progesterona. De sete a oito dias após a ovulação, essa massa de células, denominada corpo lúteo, adquire seu grau máximo de desenvolvimento, com grande produção de hormônios.

Nos três a quatro dias seguintes, a quantidade de hormônio produzida reduz-se gradativamente até cessar. Como resultado, as paredes do útero, que se tornaram espessas sob ação hormonal, na ausência dela descamam, em um sangramento que constitui a menstruação. O corpo lúteo volta a ter aspecto esbranquiçado e o ciclo recomeça.

Representação das mudanças hormonais e das alterações da parede uterina ao longo do ciclo menstrual.
Representação das mudanças hormonais e das alterações da parede uterina ao longo do ciclo menstrual.

Os hormônios e o útero

A parede interna do útero é denominada endométrio. Logo após a menstruação, o endométrio entra em uma fase proliferativa, na qual se torna mais espesso: suas células se reproduzem rapidamente e ocorre crescimento das glândulas e dos vasos sanguíneos.

O pico de LH e FSH induz não só à ovulação, mas também ao aumento da produção de muco na região do cérvix. O muco cervical é indispensável para a passagem dos espermatozoides pelo útero. Trata-se de uma secreção intensa, geralmente percebida como semelhante à clara de ovo.

A produção desse tipo de muco cervical, um pequeno aumento da temperatura do corpo e uma possível sensação de desconforto e até dor, são indícios que algumas mulheres sentem do dia da ovulação. Logo após a ovulação, o endométrio passa à fase secretora.

Nessa fase, o epitélio glandular do endométrio produz secreções que preparam o ambiente uterino para uma possível gravidez. O muco cervical se torna espesso e inelástico, praticamente impedindo a passagem dos espermatozoides. Caso não ocorra a fertilização, o forro endometrial se descola, advém uma nova fase menstrual e o ciclo recomeça.

Os hormônios e as características sexuais na mulher

Durante a infância feminina, o estrógeno é produzido em pequena quantidade, mas na puberdade sua produção aumenta cerca de vinte vezes. Essa mudança é acompanhada de outras grandes mudanças no corpo: os órgãos reprodutores, como ovários, útero e vagina, aumentam de tamanho.

O estrógeno promove a deposição de gordura nas mamas, que crescem, mas são outros hormônios, entre eles, a progesterona, que vão promover a ativação das funções dessas glândulas. O estrógeno estimula também o crescimento ósseo, e isso significa que o início da puberdade é um período de crescimento célere.

Nas mulheres, esse processo conduz ao fechamento das epífises ósseas de maneira mais rápida do que a proporcionada pela testosterona nos meninos. A implicação mais evidente é a cessação de crescimento nas meninas dois ou três anos após o início de idade fértil.

O estrógeno ainda promove deposição de lipídios sob a pele, o que faz o corpo feminino ter, proporcionalmente, mais gordura do que o corpo masculino. Além disso, esse hormônio provoca a criação de vasos sanguíneos na pele, o que a torna mais rosada e mais suscetível a sangramentos do que a masculina.

A progesterona, por sua vez, tem efeitos evidentes sobre o útero: aumenta a atividade secretora desse órgão, bem como o prepara para receber e manter um embrião (o que é fundamental para a manutenção da gravidez).

Há um efeito semelhante da progesterona sobre as tubas uterinas, que aumentam a secreção, facilitando o trânsito do ovócito até a chegada ao útero. A progesterona também atua nas mamas, promovendo o desenvolvimento das estruturas secretoras.

Resumo

2 1. A maturação de folículos ovarianos depende de hormônios esteroides produzidos nas gônadas; a produção desses hormônios, por sua vez, é controlada por hormônios hipofisários, o FSH e o LH.

2. Tanto em homens quanto em mulheres, a hipófise produz os hormônios FSH e o LH. O primeiro promove a multiplicação celular; no homem, isso significa produção de espermatozoides, e na mulher, significa crescimento de folículos, com multiplicação de células que envolvem o ovócito.

3. O LH ativa a produção de progesterona na mulher e de testosterona no homem.

4. Tanto a testosterona como a progesterona têm ação anabolizante, ou seja, aceleram reações químicas que promovem a formação de tecidos, como o tecido ósseo e muscular.

5. Ao longo do ciclo menstrual ocorrem grandes variações nos níveis dos hormônios produzidos: LH, FSH, estrógeno e progesterona.

Assuntos Relacionados

Função do sistema urinário: anatomia, estrutura, órgãos

Referências Bibliográficas

BOUZAS, Isabel; BRAGA, Claudia; LEÃO, Lenora. Ciclo menstrual na adolescência. Adolescência e Saúde, v. 7, n. 3, p. 59-63, 2010.

UCHIMURA, Nelson Shozo et al. Conhecimento, aceitabilidade e uso do método Billings de planejamento familiar natural. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 32, p. 516-523, 2011. – link

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