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Os principais domínios morfoclimáticos do Brasil

Nesta aula vamos estudar os principais domínios morfoclimáticos do Brasil. Também podemos chamá-los de biomas.

Podemos dividir nos biomas florestados (amazônia, mata de cocais, mata atlântica, matas de araucárias), formações abertas (Cerrado, caatinga e os campos sulinos), e formações de áreas inundáveis (pantanal e manguezais).

Veremos em detalhes cada uma delas. Veja antes uma vídeo aula e um slide onde está tudo de forma resumida e se quiser se aprofundar continue a leitura.

Domínios morfoclimáticos do Brasil

Os principais domínios morfoclimáticos do Brasil são:

  • Mata de cocais
  • Mata Atlântica
  • A Floresta Amazônica
  • Mata de Araucárias
  • Cerrado
  • Caatinga
  • Campos Sulinos ou Pampas

Veremos em detalhes cada um deles.

Mata dos Cocais

Este bioma é encontrado principalmente no Maranhão e no Piauí (veja mapa da página 22), onde representa um bioma de transição entre a Floresta Amazônica e a Caatinga, mas também se distribui pelo Ceará e Tocantins.

Ocupa cerca de 3% do território nacional e seu clima é caracterizado por uma quantidade elevada de chuvas e por apresentar altas temperaturas (média anual de 26 °C).

Mara de cocais

A Mata dos Cocais é menos densa que a Floresta Amazônica e apresenta áreas com clareiras.

A vegetação desse bioma é composta, predominantemente, de palmeiras, como o babaçu, a carnaúba e o buriti, as quais despertam grande interesse comercial: delas são extraídas ceras, óleos, madeira e fibras, importantes fontes de renda das populações que vivem lá.

A fauna da Mata dos Cocais é caracterizada por grande diversidade, sendo que alguns animais também habitam a Amazônia ou a Caatinga. Entre as espécies mais comuns encontram-se roedores, gambás, lagartos, cobras, aves, macacos e insetos. Nas águas dos rios podem ser encontrados mamíferos como o boto e a ariranha, e peixes como o acará-bandeira.

Mata Atlântica

Quando os portugueses chegaram à costa brasileira, em 1500, encontraram uma exuberante floresta: a Mata Atlântica. Naquela época, ela se estendia por toda a costa brasileira, ocupando planícies costeiras e regiões montanhosas.

Mata atlântica

Inicialmente, houve a extração do pau-brasil; depois, a substituição de parte da mata nativa por plantações de cana-de-açúcar, café, cacau e eucalipto, além do uso do solo para a pecuária.

O clima da Mata Atlântica é muito variável: pode ser muito úmido, no Sul, tropical, ou até semiárido, onde se encontra com a Caatinga, ao Norte.

De forma geral as temperaturas médias são elevadas durante o ano todo. A grande quantidade de chuvas também é característica: os ventos que sopram do oceano em direção ao continente trazem massas de ar úmidas que, ao encontrarem as montanhas que cercam a Mata Atlântica, se condensam e provocam chuva.

A biodiversidade da Mata Atlântica é uma das mais ricas do planeta. Algumas de suas espécies não são encontradas em nenhum outro local – são as chamadas espécies endêmicas. Em todos os biomas existem espécies endêmicas, mas, na Mata Atlântica, o número delas é proporcionalmente alto, apesar de todas as alterações já sofridas.

A ocupação humana na Mata Atlântica, ao longo de mais de 500 anos, praticamente acabou com a floresta, restando, em 2011, por volta de 7% da sua formação original. Por toda a sua riqueza e fragilidade, a Mata Atlântica está entre as cinco áreas que a comunidade científica internacional considera como de preservação prioritária.

A Floresta Amazônica

A Floresta Amazônica é reconhecida no mundo todo graças, principalmente, à sua grande biodiversidade. Entre os biomas brasileiros, é o que apresenta, junto com a mata atlântica, a maior diversidade de plantas.

A Floresta Amazônica, está localizada nas Regiões Norte e Centro-Oeste; as chuvas frequentes e abundantes que na Floresta Amazônica.

Mata de Araucárias

A Mata de Araucárias está localizada principalmente no sul do Brasil, mas pode ser encontrada em São Paulo, no sul de Minas Gerais e norte do Rio Grande do Sul. Nessa faixa, o bioma ocupa, principalmente, regiões do Paraná e de Santa Catarina.

Mata de araucária esossistemas brasileiros

O clima da região é temperado, ou seja, apresenta chuvas regulares e estações relativamente bem definidas (em geral, o inverno é frio e o verão é quente).

A fauna da Mata de Araucárias é muito parecida com a da Mata Atlântica, com algumas espécies endêmicas.

Além da araucária, a espécie vegetal mais representativa da região, estão presentes a imbuia, o sassafrás, a canela, a erva-mate, o jacarandá, a guabiroba, a pitanga, alguns tipos de bromélias, orquídeas e cactos,

A araucária é uma árvore muito resistente às baixas temperaturas. O órgão reprodutor da araucária é conhecido como pinha, e suas sementes são os pinhões, muito apreciados como alimento.

Este bioma já ocupou cerca de 2% do território nacional, mas sofre com o desmatamento, principalmente pela expansão da agricultura e das madeireiras.

Como consequência, há redução do número de onças-pardas, onças-pintadas, cutias e pacas. Só no Paraná, segundo a Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná, resta menos de 0,8% da cobertura original.

As formações abertas do Brasil

As formações abertas são constituídas por uma vegetação em que predominam plantas de pequeno porte, como herbáceas (por exemplo, capins) e arbustos. Há também árvores, mas em uma quantidade bem menor que nas florestas.

As principais formações abertas brasileiras apresentam-se, hoje, muito reduzidas quando comparadas com sua área original, portanto há necessidade de preservação desses ambientes. Os domínios morfoclimáticos que apresentam formações abertas são: o Cerrado, Caatinga e os Campos (ou Campos sulinos, ou Pampa).

Cerrado

O Cerrado é o segundo maior domínio morfoclimático do Brasil (o maior é a Amazônia) e ocupa principalmente o Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Tocantins, mas também outros Estados.

bioma cerrado

É formado por áreas relativamente planas, de clima quente, com temperaturas que variam de 20 °C a 30 °C. Apresenta inverno seco e verão bastante chuvoso.

0 Cerrado é um bioma rico em espécies vegetais, com gramíneas, arbustos e árvores. As árvores apresentam folhas endurecidas, galhos tortuosos e cascas grossas.

A área ocupada pelo Cerrado é grande e heterogênea em termos de solo, relevo e regime de chuvas. Em virtude disso, as características da vegetação, de acordo com a maior ou menor cobertura vegetal, recebem diferentes denominações: campo limpo (sem árvores e com predominância de gramíneas), campo sujo (com mais cobertura vegetal) e cerradão (com presença de árvores altas em maior número).

O solo tem poucos nutrientes e apresenta baixa capacidade de reter água. Após as chuvas, a água penetra no solo e alcança regiões mais profundas, aumentando o volume dos aquíferos (reservatórios de água subterrânea). Grande parte das árvores do Cerrado apresenta raízes profundas, que chegam aos aquíferos, evitando a desidratação.

A flora do Cerrado apresenta espécies usadas pela indústria farmacêutica, como a arnica, componente de alguns anti-inflamatórios; frutas típicas como o pequi, a gabiroba e a pitanga; plantas ornamentais, como a douradinha e o ipê-amarelo; e outras, como a carne de vaca e a sucupira-preta, usadas para fazer utensílios, como cabos de faca.

Entre a grande variedade de animais, é importante destacar algumas espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada, o tatu-canastra, o lobo-guará,  tamanduá-bandeira e o cachorro-vinagre (mamíferos) e a águia-cinzenta (ave).

A baixa fertilidade do solo do Cerrado foi, por muito tempo, um fator limitante para a atividade agrícola nesse bioma. Porém, o rápido aumento populacional da região, impulsionado pela transferência da capital federal do Brasil para o Centro-Oeste, levou à maior exploração de terras e à expansão das fronteiras agrícolas.

Isso foi possível graças a um conjunto de fatores, como novas tecnologias, novos fertilizantes e o uso de espécies vegetais melhor adaptadas à região.

O solo tornou-se cada vez mais produtivo, ampliando o desenvolvimento da pecuária pela formação de pastos e a produção de grãos como a soja. No estado de São Paulo, por exemplo, a cana-de-açúcar e a laranja ocupam grandes áreas de Cerrado.

O rápido avanço da agricultura já devastou mais da metade da área original do Cerrado no Brasil. A situação é tão grave que, atualmente, estes domínios morfoclimáticos é considerado uma área de preservação prioritária.

Caatinga

A Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro, estende-se do Ceará até o norte de Minas Gerais e Piauí, entre a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica.

O clima da região é quente e seco: apresenta pouca quantidade de chuvas e as temperaturas, geralmente, variam de 27 °C a 29 °C. Durante cerca de oito meses por ano, de maio a dezembro, não chove ou chove muito pouco – é o chamado verão.

Quando chega o período marcado pelas chuvas, ressurgem as folhas e forma–se uma mata baixa e verde. Nessa época do ano, a pluviosidade na Caatinga é, em média, 3 vezes menor que na Amazônia.

A paisagem da Caatinga é mais complexa do que se imagina, e é constituída por ecossistemas bem diferentes. Além das áreas planas, encontram-se alguns morros isolados, os lajedos (terrenos com rochas em sua superfície), os açudes (lagos formados por represamento de água) e os brejos (pontos altos onde a umidade do ar é maior, a temperatura média é menor e as chuvas são mais frequentes).

A maioria dos rios presentes na Caatinga são intermitentes, isto é, correm apenas durante o período de chuvas e praticamente desaparecem durante a estação seca.

Entre os rios perenes, ou seja, que não secam no verão, o principal é o rio São Francisco. Ele forma uma das três principais bacias hidrográficas do país: as outras duas são a do Amazonas e a do rio Paraná-Paraguai.

 Uma planta sem folhas está morta?

No caso das plantas da Caatinga, a ausência de folhas, não necessariamente indica que eias estejam mortas.

As plantas, assim como você, também transpiram. Esse processo ocorre em células que ficam nas folhas do vegetal. Por isso, a queda das folhas ajuda a reduzir a perda de água pela transpiração.

Apesar do aspecto morto, um pequeno corte em um pedaço de caule é suficiente para observar que a planta está viva, e que ao chegar a época de chuvas, ela poderá rebrotar.

Ainda que apresentem essa característica, secas muito prolongadas podem levar essas plantas à morte, pois sem folhas não há produção de alimento (não há fotossíntese). Uma exceção são as plantas que realizam fotossíntese pelo caule (os cactos, por exemplo).

A Caatinga já foi vista como um bioma muito parecido com o deserto, pobre em biodiversidade. Considerava-se que havia um predomínio de vegetais sem folhas, de alguns lagartos e de insetos.

Porém, essa ideia não corresponde à realidade e surgiu do pouco conhecimento que se tinha da flora e da fauna desse bioma. Cerca de 40% das espécies de plantas da Caatinga são endêmicas.

Entre as espécies vegetais mais frequentes na Caatinga, temos a catingueira, as juremas, diversos cactos (como o mandacaru e o xiquexique), além de árvores como o cajueiro, o umbuzeiro e o marmeleiro.

Entre animais típicos da Caatinga estão diferentes espécies de lagartos e de cobras, além de ratos, raposas, suçuaranas, tatus e aves como o carcará, a arribação (ou avoante) e o cardeal.

Da área original da Caatinga, parte foi devastada para agricultura e pecuária. Atualmente, outra causa de devastação é a retirada de árvores para uso como combustível ou em construções.

Campos Sulinos ou Pampas

Apesar de existirem Campos em quase todo o Brasil, daremos atenção especial aos Campos do Rio Grande do Sul, conhecidos como Pampa ou Campos sulinos. Além do Brasil, o Pampa está presente na Argentina e no Uruguai.

O inverno do Pampa é frio, com temperaturas que variam de 10 °C a 14 °C. No verão, as temperaturas ficam entre 20 °C e 23 °C. O clima da região é úmido ao longo de todo o ano, porém no verão há predominância de clima seco.

Em áreas onde o relevo é suave e pouco ondulado, a vegetação é formada por campos com matas nas margens dos riachos (mata de galeria). Nas regiões serranas, há uma mistura de campo e floresta um pouco semelhante às florestas tropicais.

A paisagem do Pampa é dominada pela presença de gramíneas e de arbustos, especialmente leguminosas, plantas que produzem frutos na forma de vagens, como a pega-pega e o trevo-branco.

A fauna típica é constituída, entre outros animais, por aves como ema, perdiz e marreco; por cobras como urutu, cotiara e jararaca; por mamíferos como ratão-do-banhado, capivara, tuco-tuco e gato-mourisco.

Entre as espécies animais ameaçadas de extinção, podemos citar como exemplos o gato-palheiro e o lobo–guará (mamíferos) e a águia-cinzenta (ave).

A devastação de aproximadamente 60% da área ocupada originalmente pelo Pampa é resultado do uso das pastagens naturais para criação de gado e do desmatamento para a agricultura de alta produtividade, como arroz, milho, trigo e soja.

Resumo da aula Os principais domínios morfoclimáticos do Brasil

  • A localização dos principais biomas florestados brasileiros: Floresta Amazônica, Mata dos Cocais. Mata Atlântica e Mata de Araucárias.
  • As principais características geográficas, climáticas e biológicas desses biomas brasileiros.
  • A situação atual dos biomas florestados brasileiros em relação ao seu estado original.
  • A localização dos principais biomas de formações abertas brasileiros (Cerrado, Caatinga e Campos).
  • As principais características geográficas, climáticas e biológicas presentes nos biomas de formações abertas brasileiros.
  • A importância da preservação desses biomas brasileiros a partir das suas características do ponto de vista regional e global.

Bibliografia

  • AB’SABER, A. N. Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas no Brasil. Orientação, São Paulo, n. 3, p. 45-48, 1967. [Republicado em Grandes paisagens brasileiras. São Paulo: Eca, 1970a; e como parte do artigo “Províncias geológicas e domínios morfoclimáticos no Brasil”. Geomorfologia, São Paulo, n. 20, p. 1-26, 1970b.
  • AB’SABER, A. N. Os domínios morfoclimáticos na América do Sul: primeira aproximação. Geomorfologia, São Paulo, n. 52, p. 1-22, 1977a

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