A reprodução dos seres humanos e sexualidade
Os seres humanos se reproduzem sexualmente produzindo gametas. No homem há espermatozoides, na mulher os óvulos.
Na reprodução dos seres humanos, homens e mulheres têm, cada qual, um conjunto de órgãos com função reprodutiva que, apesar das diferenças, apresentam semelhanças nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário. Abordaremos também o ato sexual.
Além das funções reprodutivas, na nossa espécie o ato sexual assume diferentes significados conforme a cultura de cada povo e diz respeito às formas de relacionamento estabelecidas entre pessoas de um grupo social. Sexo e sexualidade são temas complexos, ainda mais para os adolescentes, que passam por uma fase intensa de descoberta do próprio corpo e da sexualidade.
As informações sobre sistema genital humano e questões relacionadas à sexualidade esclarecem dúvidas e ajudam tanto no controle da própria reprodução como no encaminhamento da vida sexual.
Acima, um embrião humano (esquerda) cinco dias após a fecundação deixando o envoltório chamado zona pelúcida (direita), na fase denominada blastocisto (fotomicrografia ao microscópio eletrônico de varredura, colorizada por computador, ampliação de 300 vezes).
Reprodução humana
O sistema genital, ou reprodutor, é formado por um conjunto de órgãos que desempenham, de maneira integrada, funções sexuais e reprodutivas, garantindo a sobrevivência das espécies. Na espécie humana, a determinação do sexo (ou gênero) de cada indivíduo ocorre em diferentes níveis.
Veja também:
O primeiro momento acontece em nível celular, com a determinação genética, na qual se define o sexo cromossômico. Vamos ver como isso acontece. Cada gameta (espermatozoide ou ovócito) tem 22 cromossomos autossômicos, como vimos, que não apresentam diferenças entre o homem e a mulher, e um cromossomo sexual.
Os cromossomos sexuais foram denominados X e Y. Os ovócitos (gametas femininos) apresentam sempre um cromossomo sexual X, mas nos espermatozoides esse cromossomo pode ser tanto X quanto Y. Assim, na fecundação, o ovócito, com seu cromossomo X, poderá fundir-se a um espermatozoide com o cromossomo X ou a um espermatozoide com o cromossomo Y: isso é o que vai determinar o sexo cromossômico (ou genético) do embrião.
Abaixo, espermatozoides e óvulo em imagem de microscópio eletrônico de varredura, colorida artificialmente. Cada espermatozoide tem, em média, 65 µm de comprimento.
O zigoto terá 22 pares de autossomos e um par de cromossomos sexuais: se tiver dois cromossomos X, desenvolverá o sexo feminino; se tiver cromossomos sexuais diferentes, um X e um Y, desenvolverá o sexo masculino. Acompanhe as duas possibilidades na figura a seguir.
sexo cromossômico na espécie humana.
Os 44 cromossomos autossômicos são
representados pela letra A: 44 A.
A formação dos órgãos sexuais no embrião humano
Nas primeiras semanas após a fecundação, o embrião humano ainda não apresenta diferenciação morfológica de sexo. Nesse estágio, possui um primórdio de gônada ainda indiferenciada, o que significa que embriões nessa fase de desenvolvimento têm os mesmos órgãos em formação.
No início da gravidez, não se consegue ver nenhuma diferença entre o embrião com sexo cromossômico masculino e o com sexo feminino.
Morfologia: a forma física ou aspecto de uma estrutura. São exemplos de diferenciação morfológica entre indivíduos masculinos e femininos na espécie humana: útero,
Um embrião de quatro semanas apresenta, na região genital, a abertura cloacal – uma cavidade que abriga os órgãos genitais em formação – e também a abertura do sistema urinário e a do sistema digestório.

Nesse estágio, a depender do sexo cromossômico, as gônadas poderão se desenvolver seja em ovários, seja em testículos. Um par de órgãos tubulares, chamados ductos de Wolff, poderá se desenvolver – ou regredir e desaparecer. O mesmo poderá ocorrer com outro órgão parecido, os ductos de Müller.
Sob a influência de hormônios, a parte interna da gônada (porção medular) poderá se desenvolver, dando origem ao testículo. Caso a parte externa da gônada se desenvolva (porção cortical), se forma um ovário. A presença de ovários ou de testículos caracteriza o sexo gonadal.
O estabelecimento do sexo gonadal induz o desenvolvimento dos órgãos sexuais correspondentes e a regressão dos órgãos tubulares do sexo oposto.

e a regressão do órgão tubular que daria origem às gônadas do sexo oposto.
Caso se desenvolvam testículos, os ductos de Wolff originam epidídimos, enquanto os ductos de Müller regridem; caso ovários se desenvolvam, os ductos de Wolff regridem e os ductos de Müller formam as tubas uterinas.
O desenvolvimento sexual do embrião se completa com a determinação do sexo genital (ou fenotípico), quando se definem os órgãos externos da genitália, o que ocorre no terceiro mês da gestação.
O primórdio da gônada dará origem a estruturas masculinas ou femininas, conforme o sexo cromossômico. Acompanhe a seguir as descrições desse processo.
Um mesmo primórdio de órgão, o tubérculo genital, dá origem à glande peniana, no homem, e ao clitóris, na mulher. Outro grupo de células, as pregas uretrais, origina os lábios menores da genitália feminina ou, nos homens, abriga a uretra peniana, deixando uma marca parecida com uma cicatriz, que forma a rafe ventral.
Outras células, que formam as protuberâncias genitais no embrião, podem se manter distantes, originando os lábios maiores da genitália feminina, ou podem se fundir e formar a bolsa escrotal, ou escroto; essa fusão também deixa uma marca parecida com uma cicatriz.
No quarto mês de gestação, tanto o sexo gonadal quanto o genital já estão bem definidos, mas os testículos permanecem na cavidade abdominal. Apenas no oitavo mês de gestação, eles se deslocam e passam do abdome para a bolsa escrotal.
Caso isso não ocorra, se caracteriza uma situação denominada criptorquidia. Assim, é possível perceber que a genitália masculina e a feminina têm a mesma origem embriológica. Órgãos que apresentam origem comum são chamados homólogos; o desenvolvimento embriológico dos seres humanos mostra que, além da genitália, os principais órgãos sexuais femininos e masculinos são homólogos.
Durante as primeiras semanas da vida embrionária, meninos e meninas desenvolvem estruturas comuns. Isso explica a presença de mamilos e rudimentos de glândulas mamárias no sexo masculino, sem nenhuma função: são testemunhas da origem embrionária comum dos dois sexos.
Além do sexo cromossômico, do sexo gonadal e do sexo genital (também chamado sexo fenotípico), há ainda o sexo psicológico.
Não há pesquisa suficiente para se concluir em que medida o sexo psicológico é afetado por fatores fisiológicos e genéticos, mas o “sentir-se homem” e o “sentir-se mulher” fazem parte de um complexo processo que envolve tanto componentes orgânicos como sociais.
Nem sempre há coincidência entre todas essas determinações sexuais, ou seja, o sexo cromossômico ou o gonadal ou o genital pode não coincidir com o sexo psicológico.
Resumo
1. O espermatozoide pode carregar um cromossomo X ou um Y, o que determina o sexo cromossômico do embrião.
2. O sexo gonadal é caracterizado pela presença de ovários ou de testículos; o sexo genital é determinado pela formação dos órgãos externos da genitália. Nem sempre o sexo gonadal e o genital coincidem com o sexo psicológico, que é a sensação que o indivíduo apresenta em relação à sua sexualidade.
3. O sexo gonadal e o genital começam a ser determinados no embrião indiferenciado, que tem uma abertura cloacal.
4. O tubérculo genital do embrião dá origem ao clitóris na mulher e à glande peniana no homem.
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Referências Bibliográficas
BRAUNER, Maria Cláudia Crespo. Direito, sexualidade e reprodução humana. Rio de Janeiro: Renovar, p. 174-175, 2003.
PEREIRA, Karla Keila Pereira Caetano Souza et al. As principais técnicas de reprodução humana assistida. Saúde & Ciência Em Ação, v. 2, n. 1, p. 26-37, 2016.