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Função da Bexiga urinária: anatomia e estruturas

Como funciona a bexiga urinária e como ela funciona

A bexiga urinária é um órgão do sistema urinário com função de armazenar a urina produzida nos rins. É um órgão muscular liso com capacidade de armazenar entre 650 a 750 mL de urina. A Bexiga fica localizada na parte inferior da cavidade abdominal.

A urina é produzida nos rins e desce dois tubos chamados ureteres até a bexiga. A bexiga armazena urina, permitindo que a micção seja pouco frequente e controlada.

Principais características da bexiga urinária

A bexiga urinária é um saco muscular na pelve, logo acima e atrás do osso púbico. Quando vazia, a bexiga tem o tamanho e a forma de uma pera.

A bexiga é revestida por camadas de tecido muscular que se esticam para reter a urina. A capacidade normal da bexiga é de 650 a 750 mL.

Durante a micção, os músculos da bexiga se apertam e dois esfíncteres (válvulas) se abrem para permitir que a urina flua. A urina sai da bexiga para a uretra, que transporta a urina para fora do corpo. Por passar pelo pênis, a uretra é mais longa nos homens (8 polegadas) do que nas mulheres (1,5 polegadas).

Função da Bexiga Urinária

A bexiga é um órgão do sistema urinário. Desempenha dois papéis principais:

  • Armazenamento temporário de urina – a bexiga é um órgão oco com paredes distensíveis. Possui um revestimento interno dobrado (conhecido como rugae), que permite acomodar até 650 a 750 mL de urina em adultos saudáveis.
  • Auxilia na expulsão da urina – a musculatura da bexiga se contrai durante a micção, com relaxamento concomitante dos esfíncteres.
Forma e anatomia da bexiga urinária
Visão geral do trato urinário.

Forma e anatomia da bexiga urinária

A aparência da bexiga varia dependendo da quantidade de urina armazenada. Quando cheio, exibe uma forma oval e, quando vazio, é achatado pelo intestino sobrejacente.

Os recursos externos da bexiga são:

  • Ápice – localizado superiormente, apontando para a sínfise púbica. É conectado ao umbigo pelo ligamento umbilical mediano (um remanescente do úraco).
  • Corpo – parte principal da bexiga, localizada entre o ápice e o fundo
  • Fundo (ou base) – localizado posteriormente. É de forma triangular, com a ponta do triângulo apontando para trás.
  • Pescoço – formado pela convergência do fundo e das duas superfícies infero-laterais. É contínuo com a uretra.

A urina entra na bexiga através de um ureter esquerdo e outro direito e sai pela uretra. Internamente, esses orifícios são marcados pelo trígono – uma área triangular localizada no fundo da bexiga urinária.

Em contraste com o resto da bexiga interna, o trígono possui paredes lisas. Isso é explicado pelas diferentes origens embriológicas: o trígono é desenvolvido pela integração de dois dutos mesonéfricos na base da bexiga).

Fig 2 - Características anatômicas da bexiga.
Fig 2 – Características anatômicas da bexiga.

Musculatura

A musculatura da bexiga desempenha um papel fundamental no armazenamento e esvaziamento da urina.

Para contrair durante a micção, a parede da bexiga contém músculo liso especializado – conhecido como músculo detrusor.

Suas fibras são orientadas em várias direções, mantendo assim a integridade estrutural quando esticadas. Ele recebe inervação do sistema nervoso simpático e parassimpático.

As fibras do músculo detrusor frequentemente se tornam hipertróficas (apresentando-se como trabéculas proeminentes), a fim de compensar o aumento da carga de trabalho do esvaziamento da bexiga. Isso é muito comum em condições que obstruem a saída da urina, como a hiperplasia prostática benigna.

Existem também dois esfíncteres musculares localizados na uretra:

Esfíncter uretral interno:

Masculino – consiste em fibras lisas circulares, que estão sob controle autonômico. Pensa-se para prevenir a regurgitação seminal durante a ejaculação.

Feminino – trata-se de um esfíncter funcional, ou seja, nenhum músculo esfincteriano presente. É formado pela anatomia do colo da bexiga e da uretra proximal.

Esfíncter uretral externo – tem a mesma estrutura em ambos os sexos. É músculo esquelético, e sob controle voluntário. No entanto, no sexo masculino, o mecanismo esfincteriano externo é mais complexo, pois se correlaciona com as fibras do músculo reto-uretral e do músculo elevador do ânus.

Fig 3 - Vista endoscópica da bexiga. (A) Trígono e orifício ureteral direito. (B) Trabéculas proeminentes da parede da bexiga (fibras hipertróficas do músculo detrusor).
Fig 3 – Vista endoscópica da bexiga. (A) Trígono e orifício ureteral direito. (B) Trabéculas proeminentes da parede da bexiga (fibras hipertróficas do músculo detrusor).

Vasculatura

A vasculatura da bexiga é principalmente derivada dos vasos ilíacos internos.

O suprimento arterial é via ramo vesical superior da artéria ilíaca interna. Nos homens, isso é complementado pela artéria vesical inferior e nas mulheres pelas artérias vaginais.

Em ambos os sexos, o obturador e as artérias glúteas inferiores também podem contribuir com pequenos ramos.

A drenagem venosa é realizada pelo plexo venoso vesical, que esvazia nas veias ilíacas internas. O plexo vesical no sexo masculino está em continuidade no espaço retropúbico com o plexo venoso da próstata (plexo de Santorini), que também recebe sangue da veia dorsal do pênis.

Histologia da bexiga urinária

A bexiga urinária é um reservatório temporário de armazenamento de urina. Está localizado na cavidade pélvica, posterior à sínfise púbica e abaixo do peritônio parietal.

O tamanho e a forma da bexiga urinária variam com a quantidade de urina que contém e com a pressão que recebe dos órgãos vizinhos.

O revestimento interno da bexiga urinária é uma membrana mucosa do epitélio de transição que é contínua com a dos ureteres.

Quando a bexiga está vazia, a mucosa tem numerosas dobras chamadas rugas. A ruga e o epitélio de transição permitem que a bexiga se expanda à medida que se enche.

A segunda camada nas paredes é a submucosa, que suporta a membrana mucosa. É composto de tecido conjuntivo com fibras elásticas.

A próxima camada é a muscular, que é composta por músculo liso. As fibras musculares lisas são entrelaçadas em todas as direções e, coletivamente, são chamadas de músculo detrusor.

A contração desse músculo expele a urina da bexiga. Na superfície superior, a camada externa da parede da bexiga é o peritônio parietal. Em todas as outras regiões, a camada externa é tecido conjuntivo fibroso.

Existe uma área triangular, chamada trígono, formada por três aberturas no chão da bexiga urinária. Duas das aberturas são dos ureteres e formam a base do trígono.

Pequenos retalhos de mucosa cobrem essas aberturas e agem como válvulas que permitem que a urina entre na bexiga, mas impedem que ela retorne da bexiga para os ureteres.

A terceira abertura, no ápice do trígono, é a abertura na uretra. Uma banda do músculo detrusor circunda esta abertura a formar o interior da uretra do esfíncter.

Suprimento Nervoso

O controle nervoso é complexo, com a bexiga recebendo informações dos sistemas autônomo (simpático e parassimpático) e somático do sistema nervoso central:

  • Nervo simpático – hipogástrico (T12 – L2). Causa relaxamento do músculo detrusor, promovendo a retenção de urina.
  • Parassimpático – nervo pélvico (S2-S4). Sinais aumentados desse nervo causam contração do músculo detrusor, estimulando a micção.
  • Nervo somático -pudendo (S2-4). Inerva o esfíncter uretral externo, fornecendo controle voluntário sobre a micção.

Além dos nervos eferentes que suprem a bexiga, existem nervos sensoriais (aferentes) que se reportam ao cérebro. Eles são encontrados na parede da bexiga e sinalizam a necessidade de urinar quando a bexiga fica cheia.

O reflexo de estiramento da bexiga

O reflexo de estiramento da bexiga é um reflexo primitivo, no qual a micção é estimulada em resposta ao estiramento da parede da bexiga. É análogo a um reflexo espinhal muscular, como o reflexo da rótula.

Durante o treinamento do xixi em bebês, esse reflexo espinhal é substituído pelos centros superiores do cérebro, para dar controle voluntário sobre a micção.

O arco reflexo

  • A bexiga enche -se de urina e as paredes da bexiga se esticam. Os nervos sensoriais detectam alongamento e transmitem essas informações para a medula espinhal.
  • Interneurônios na medula espinhal transmitem o sinal aos eferentes parassimpáticos (nervo pélvico).
  • O nervo pélvico atua para contrair o músculo detrusor e estimular a micção.

Embora não seja funcional após a infância, o reflexo de estiramento da bexiga precisa ser considerado em lesões na coluna vertebral (onde a inibição descendente não pode atingir a bexiga) e em doenças neurodegenerativas (onde o cérebro é incapaz de gerar inibição).

Doenças da bexiga urinária

  • Cistite: inflamação ou infecção da bexiga, causando dor aguda ou crônica, desconforto, frequência ou hesitação urinária.
  • Pedras urinárias: pedras (cálculos) podem se formar no rim e viajar até a bexiga. Se as pedras nos rins bloquearem o fluxo de urina para ou a partir da bexiga, elas podem causar dor intensa.
  • Câncer de bexiga: um tumor na bexiga geralmente é descoberto depois que o sangue é encontrado na urina. O tabagismo e a exposição a produtos químicos no local de trabalho causam a maioria dos casos de câncer de bexiga.
  • Incontinência urinária: micção descontrolada, que pode ser crônica. A incontinência urinária pode resultar de várias causas.
  • Bexiga hiperativa: o músculo da bexiga (detrusor) aperta incontrolavelmente, causando vazamento de urina. A hiperatividade do detrusor é uma causa comum de incontinência urinária.
  • Hematúria: sangue na urina. A hematúria pode ser inofensiva, causada por infecção ou por uma doença grave como o câncer de bexiga.
  • Retenção urinária: a urina não sai da bexiga normalmente devido a um bloqueio ou atividade muscular reduzida da bexiga. A bexiga pode inchar para reter mais de um quarto de urina.
  • Cistocele: Os músculos pélvicos enfraquecidos (geralmente desde o parto) permitem que a bexiga pressione a vagina. Podem ocorrer problemas com a micção.
  • Molhado na cama (enurese noturna): O ato de molhar a cama é definido como uma criança com 5 anos ou mais que molha a cama pelo menos uma ou duas vezes por semana durante pelo menos três meses.
  • Disúria (micção dolorosa): dor ou desconforto durante a micção devido à infecção, irritação ou inflamação da bexiga, uretra ou órgãos genitais externos.

Relevância clínica: Lesões na medula espinhal e bexiga

A bexiga tem considerações clínicas importantes quando se trata de lesões na medula espinhal. Existem duas síndromes clínicas diferentes, dependendo de onde o dano ocorreu.

Bexiga reflexa – Transição da medula espinhal acima de T12

Nesse caso, os sinais aferentes da parede da bexiga não conseguem alcançar o cérebro e o paciente não terá consciência do preenchimento da bexiga. Também não há controle descendente sobre o esfíncter uretral externo, e ele é constantemente relaxado.

Existe um reflexo espinhal em funcionamento, em que o sistema parassimpático inicia a contração do detrusor em resposta ao estiramento da parede da bexiga. Assim, a bexiga esvazia automaticamente à medida que é preenchida – conhecida como bexiga reflexa.

Bexiga Flácida – Transição da Medula Espinhal Abaixo de T12

Uma transecção da medula espinhal nesse nível terá danificado o fluxo parassimpático para a bexiga. O músculo detrusor ficará paralisado, incapaz de se contrair. O reflexo espinhal não funciona.

Nesse cenário, a bexiga encherá incontrolavelmente, ficando anormalmente distendida até que ocorra a incontinência por transbordamento.

Relevância Clínica: Retenção de Urina

Além da disfunção neurogênica da bexiga, o esvaziamento normal da bexiga pode ser dificultado por qualquer forma de obstrução, desde o nível do colo da bexiga para baixo.

Nos homens, a causa mais comum é obstrução devido ao aumento da próstata (HBP). Outras causas incluem obstrução por uma pedra ou coágulo sanguíneo grande.

A retenção aguda é uma emergência médica, pois a bexiga possui uma capacidade funcional “normal” e é levada ao limite devido ao acúmulo de urina em um reservatório agudamente obstruído. O paciente sente uma dor cada vez mais insuportável e a colocação de um cateter urinário alivia os sintomas imediatamente.

A retenção crônica é um procedimento gradual devido à obstrução incompleta do fluxo de urina. Isso leva ao acúmulo de urina residual na bexiga por meses ou até anos; a bexiga é, portanto, progressivamente distendida em volumes que excedem 1-1,5 litros de urina.

A retenção crônica é frequentemente acompanhada de comprometimento da função renal. No entanto, normalmente não há dor, pois a bexiga é gradualmente alongada.

Leitura sugerida

Referências bibliográficas

  • GOMES, Cristiano Mendes; HISANO, Marcelo. Anatomia e fisiologia da micção. Zerati Filho M, Nardozza Júnior A, Reis RB. Urologia fundamental, editores. São Paulo (SP): Planmark, p. 29-35, 2010.
  • TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Corpo Humano-: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. Artmed Editora, 2016.

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Parcialemente traduzido de:

https://teachmeanatomy.info/pelvis/viscera/bladder/
https://training.seer.cancer.gov/anatomy/urinary/components/bladder.html

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